sexta-feira, 9 de junho de 2023

Incêndios continuam a devastar o Canadá

A edição de ontem do jornal Star Tribune que se publica no estado do Minnesota, destaca que cerca de quatro centenas de grandes incêndios florestais estão a afectar o Canadá, desde “a British Columbia à Nova Scotia”, isto é, desde a costa do Pacífico ao Atlântico. É uma vaga de incêndios sem precedentes nos registos históricos canadianos e o referido jornal afirma que “os incêndios florestais canadianos sufocam metade dos Estados Unidos”, com os fumos a atingirem todo o nordeste do país, mas também os distantes estados do Texas e da Florida, cobrindo as cidades de Nova Iorque, Washington e Filadélfia, em cujos aeroportos chegaram a ser suspensas as aterragens. Já arderam mais de quarenta mil quilómetros quadrados de florestas canadianas, uma área maior do que a Bélgica e quase metade da área de Portugal.
O ambiente e os níveis de poluição deterioraram-se e as máscaras faciais características da pandemia do covid-19, que já tinham sido esquecidas, voltaram aos rostos das pessoas, ao mesmo tempo que as escolas encerraram e as aulas foram transferidas para plataformas online.
Os fumos libertados pelos incêndios canadianos atravessaram o oceano Atlântico e chegaram à Noruega. Perante a gravidade da situação, o Canadá pediu a ajuda da União Europeia e, de imediato, Portugal, Espanha e França decidiram enviar um contingente de 280 bombeiros, que se irão juntar aos bombeiros norte-americanos, australianos, neozelandeses e sul-africanos que já estão no Canadá, onde as forças armadas também participam no combate às chamas.
O governo canadiano atribui a actual crise às alterações climáticas, pois a Primavera foi muito quente e seca em quase todo o país, enquanto as previsões meteorológicas para as próximas semanas não são animadoras.
Uma fotografia publicada num jornal nova-iorquino mostrava António Guterres no seu gabinete da sede das Nações Unidas em Nova Iorque, observando o “fumo canadiano” que envolvia a cidade e, certamente, a pensar no mais que poderia fazer na sua luta pela defesa do planeta e do seu ambiente.

Depois do Kerala, monção corre para Goa

A imprensa indiana de referência anuncia hoje que a monção de sudoeste chegou ao estado de Kerala com sete dias de atraso e o jornal The Times of India escreve que a monção chegou “a week after normal date”. A data normal da chegada da monção ao sul da Índia é o dia 1 de Junho, mas este ano estava previsto que chegasse no dia 4. Chegou no dia 8 de Junho por influência das alterações climáticas e do ciclone “Biparjoy”.
Esta monção de sudoeste começa na costa do Kerala nos primeiros dias de Junho e, nos últimos 150 anos, a data em que se iniciou variou muito, sendo a mais antiga no dia 11 de Maio de 1918 e a mais atrasada no dia 18 de Junho de 1972, de acordo com dados oficiais. Apesar dessas datas-limite, antigamente até se adivinhava o dia e a hora a que a monção chegava e começava a chover. Era e continua a ser um dia de grande satisfação para as populações rurais, marcando-lhes o seu ritmo de vida depois de vários meses de seca e de calor.
A monção é a designação dada aos ventos sazonais que ocorrem em grandes áreas costeiras tropicais e subtropicais, designadamente na Índia, devido ao desigual aquecimento atmosférico em terra e no mar. Assim, o ar quente torna-se mais leve e sobe na atmosfera, criando uma depressão atmosférica (baixas pressões), enquanto o ar frio fica relativamente mais pesado e gera um anticiclone (altas pressões). O diferencial destas pressões origina o vento que sopra dos anticiclones para as depressões.
Na estação fria as regiões continentais arrefecem mais rapidamente do que os mares adjacentes que se mantém quentes e o vento sopra da terra para o mar (monção de nordeste), mas na estação quente acontece o fenómeno inverso, isto é, o calor absorvido nas zonas terrestres é mais intenso do que aquele que é absorvido nas águas do mar e o vento sopra do mar para a terra (monção de sudoeste). No subcontinente indiano, devido à localização dos Himalaias, a monção de sudoeste é importante, porque a intensidade da chuva é um sinal de vida, pois transporta a humidade de que carece o meio ambiente e a agricultura.
Este ano a monção está atrasada em Goa, pois tem a chegada prevista para o dia 10 de Junho. Depois, até Setembro, serão quatro meses com chuvas constantes, muitas trovoadas, mau tempo no mar e “catadupas de água”, como se lhe referiu uma geógrafa, embora haja muita gente que prefere os quatro meses de monção do que o calor e o tempo seco dos outros meses.