quinta-feira, 29 de junho de 2023

Fotografias felizes que são notícia

Os meios de comunicação social tradicionais – imprensa, rádio e televisão – concorrem entre si para conquistar leitores, ouvintes ou telespectadores. Para fazerem melhor jornalismo e terem a preferência do público, esses meios, ou mass media, apostam nas “notícias exclusivas”, nas “notícias em primeira mão” e nas "imagens únicas", até porque no âmbito da rivalidade que sustentam entre si e da própria concorrência comercial, cada um deles pretende chegar, relatar ou mostrar antes do seu concorrente. Por isso, mesmo quando reportam o mesmo acontecimento, cada um dos mass media procura utilizar manchetes e imagens diferentes dos seus concorrentes, para chamar a atenção, suscitar o interesse e levar à vontade de aquisição. Portanto, não é habitual que dois jornais publiquem exactamente a mesma fotografia para ilustrar a capa das suas edições e, quando acontece, é interpretado como um sinal de menor qualidade do jornal e dos seus profissionais.
Hoje acontece que a generalidade dos jornais ingleses publica exactamente a mesma fotografia, mas não é da crise na Rússia, nem da guerra da Ucrânia, nem dos incêndios do Canadá, ou até da crise no NHS, que parece ser bem pior do que a do nosso SNS. A fotografia que hoje "toda a Inglaterra viu", foi captada durante uma partida de cricket, quando um manifestante do grupo activista ambiental Just Stop Oil invadiu o campo e foi bloqueado por Jonny Bairstow, uma das mais famosas estrelas inglesas do cricket, que simplesmente o pegou pela cintura e o levou para fora do campo. Essa mesma fotografia, aliás excelente exemplo de fotojornalismo, ilustrou as capas do jornal The Times, mas também dos jornais The Guardian, The Daily Telegraph, The Independent e The Daily Express.