quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A pandemia, as vacinas e as incertezas

A pandemia do covid-19 está muito activa em todo o mundo e esta segunda onda que estamos a atravessar, está a bater todos os máximos no que respeita ao número de novos infectados e de óbitos. 
A situação é preocupante e as medidas tomadas ameaçam a vida, penalizam a economia e afectam a saúde mental das pessoas. No caso português, o ambiente está turvo e tenso. Não só pela realidade objectiva, mas também pela ignorância de dezenas de opinion makers que nos massacram todos os dias com comentários e interpretações sobre o que nos espera, uns mais optimistas e outros bem pessimistas, mas quase todos sem fundamentação credível e com evidentes objectivos políticos. 
De repente uma empresa germano-americana anunciou que vinha aí uma vacina cuja eficácia era de 90%, mas logo uma outra empresa russa informou que também tinha uma vacina com 92% de eficácia, a que se seguiu outra empresa americana ainda com mais eficácia: 94.5%. Vai daí, a primeira empresa corrigiu e veio afirmar que a eficácia da sua vacina afinal é de 95% e não de 90% como anunciara alguns dias antes. Os chineses não quiseram perder tempo e já vieram dizer ao mundo que a eficácia da sua vacina é de 97%! Até onde chegaremos nesta corrida pela eficácia da vacina? Das várias dezenas de vacinas que se encontram actualmente em ensaios clínicos, haverá mais de uma dezena que já estão na sua fase final, não havendo dúvidas que todos esses laboratórios estão envolvidos em campanhas de marketing à escala planetária e, por isso, temos algumas razões para estar algo confiantes, mas também temos razões para desconfiar destas eficácias todas. 
Assim, quando olhamos para o mapa de Portugal que o jornal Público ontem publicou, não podemos deixar de ficar assustados com a dimensão da pandemia que nos afecta e, se cruzarmos essa informação geográfica e sanitária com as incertezas que ainda pairam sobre a chegada e a eficácia das vacinas, o nosso optimismo terá que ser muito moderado.