As dificuldades por que vamos passando e a severa austeridade que nos tem sido imposta, não têm produzido os resultados que todos ambicionávamos. Os indicadores disponíveis sobre as variáveis macroeconómicas e sociais são um retrato da famosa espiral recessiva em que estamos atolados, mas há muitos outros indicadores secundários que retratam a crise. São sinais da nossa espiral depressiva ou de algum desespero que está a tomar conta do nosso quotidiano ou, talvez até, de um certo vale tudo.
A edição de hoje do Jornal de Notícias divulga uma informação de índole estatística que é verdadeiramente alarmante: há 750 condutores por dia a abastecer as suas viaturas de combustível e a fugir sem pagar. Esta estimativa foi divulgada pela Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC) que afirmou que, diariamente, cerca de 30% dos cerca de 2500 postos de combustível instalados em Portugal são vítimas de um caso de abastecimento e fuga que, no final do ano, correspondem a um prejuízo global de quase 7 milhões de euros. Porém, a ANAREC adianta, ainda, que estes números correspondem a estimativas por defeito, pois muitos dos revendedores lesados por esta onda já desistiram de se queixar.
Estes números poderão ser exagerados e corresponder a uma forma de pressão da ANAREC para que este problema seja estudado pelas autoridades, mas reflectem de facto a grave dimensão da crise económica e social que está a afectar a sociedade portuguesa.