Após dezoito
meses de trabalho, a comissão designada pelo Congresso dos Estados Unidos para
investigar o assalto ao Capitólio realizado no dia 6 de Janeiro de 2021 pelos apoiantes
de Donald Trump, apresentou as suas conclusões. Os sete democratas e dois republicanos
que integraram aquela comissão, ou House Select Committee, procederam “às mais exaustivas investigações da
história norte-americana” e votaram por unanimidade que Donald Trump tentou
subverter a transferência da presidência dos Estados Unidos para Joe Biden,
através da insurreição. Ontem, a comissão recomendou que o Departamento de
Justiça processe criminalmente o ex-presidente por ter tentado reverter
ilegalmente a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e por ter
promovido a violência para se manter no poder. Porém, as conclusões da comissão
não são vinculativas, nem têm força legal, pelo que terá que ser a instância
judicial a acusar, ou não acusar, o ex-presidente Donald Trump. Porém, todos os grandes jornais
americanos destacam nas suas edições de hoje a recomendação da comissão do
Congresso para que Donald Trump seja processado.
Este caso mostra
que, independentemente dos diferentes regimes, os poderes políticos estão cada
vez mais limitados pelas ordens jurídicas internas e internacionais.
Não se sabe como
vai evoluir o caso Trump, mas é curioso verificar o que aconteceu no corrente
ano de 2022, em que foram emitidos mandados de detenção ou foram detidos, o
ex-primeiro-ministro tunisino Ali Laarayedh, o ex-primeiro-ministro da
Bulgária Boyko Borissov, o ex-primeiro-ministro paquistanês Imran Khan, o ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau Aristides Gomes, o ex-primeiro-ministro das Ilhas
Virgens Britânicas Andrew Fahie e o ex-presidente peruano Pedro Castillo.
Parece, portanto, que há cada vez menos governantes a actuar à margem da lei ou com impunidade e,
sendo assim, o Donald não se safa. A política já não é o que era...