terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Os erros de Trump e o futuro da política

Após dezoito meses de trabalho, a comissão designada pelo Congresso dos Estados Unidos para investigar o assalto ao Capitólio realizado no dia 6 de Janeiro de 2021 pelos apoiantes de Donald Trump, apresentou as suas conclusões. Os sete democratas e dois republicanos que integraram aquela comissão, ou House Select Committee, procederam “às mais exaustivas investigações da história norte-americana” e votaram por unanimidade que Donald Trump tentou subverter a transferência da presidência dos Estados Unidos para Joe Biden, através da insurreição. Ontem, a comissão recomendou que o Departamento de Justiça processe criminalmente o ex-presidente por ter tentado reverter ilegalmente a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e por ter promovido a violência para se manter no poder. Porém, as conclusões da comissão não são vinculativas, nem têm força legal, pelo que terá que ser a instância judicial a acusar, ou não acusar, o ex-presidente Donald Trump. Porém, todos os grandes jornais americanos destacam nas suas edições de hoje a recomendação da comissão do Congresso para que Donald Trump seja processado.
Este caso mostra que, independentemente dos diferentes regimes, os poderes políticos estão cada vez mais limitados pelas ordens jurídicas internas e internacionais.
Não se sabe como vai evoluir o caso Trump, mas é curioso verificar o que aconteceu no corrente ano de 2022, em que foram emitidos mandados de detenção ou foram detidos, o ex-primeiro-ministro tunisino Ali Laarayedh, o ex-primeiro-ministro da Bulgária Boyko Borissov, o ex-primeiro-ministro paquistanês Imran Khan, o ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau Aristides Gomes, o ex-primeiro-ministro das Ilhas Virgens Britânicas Andrew Fahie e o ex-presidente peruano Pedro Castillo. Parece, portanto, que há cada vez menos governantes a actuar à margem da lei ou com impunidade e, sendo assim, o Donald não se safa. A política já não é o que era...