sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Após a crise, aí está a retoma da Airbus

A aviação comercial foi uma das actividades mais afectadas pela crise pandémica e pelo consequente abrandamento da economia e do turismo, mas os resultados anunciados pelo fabricante europeu Airbus, relativos aos primeiros nove meses do ano, causaram uma onda de entusiasmo. A empresa que tem sede em Toulouse anunciou um montante de 2,6 mil milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses do corrente ano e este resultado financeiro resulta do incremento das suas principais variáveis de gestão: as entregas e as encomendas de novas aeronaves. São números que anunciam a boa convalescença da empresa, como escreveu o jornal La Dépêche du Midi que se publica em Toulouse.
Em 2020 a empresa entregara 566 aviões, quando no ano anterior entregara 863, o que representou uma quebra de 34%. Nos primeiros nove meses do corrente ano já foram entregues 424 aviões, quando no mesmo período do ano passado tinham sido entregues 341, o que significa uma melhoria de 24%, esperando-se que até ao fim do ano sejam entregues seiscentas unidades. Neste quadro, as previsões da empresa já apontam para que a normalidade aconteça até 2024, mas para isso será necessário acelerar a produção, até porque há 5600 aviões A320 com a entrega atrasada.
A estratégia seguida por Guillaume Faury, que desde 2019 é o CEO do Grupo Airbus, pretende voltar a tornar a Airbus o maior fabricante aeronáutico mundial, aproveitando os problemas que perseguem a Boeing, designadamente a segurança do 737 Max e as dificuldades técnicas do 787 Dreamliner.
Portanto, após a crise, aí está a descolagem da Airbus, como titula hoje o La Dépêche du Midi.

Só as eleições podem desempatar este jogo

A Assembleia da República rejeitou por 117 votos contra e 113 votos a favor, a proposta de Orçamento do Estado para 2022, cuja votação aconteceu no passado dia 27 de Outubro.
O chumbo do Orçamento do Estado aconteceu pela primeira vez na vida democrática portuguesa e congelou um aumento de cerca de seis mil milhões de euros em relação ao Orçamento anterior, onde se incluíam medidas de benefício para as famílias e para os pensionistas. Não havia razões de peso para que o Orçamento fosse recusado, porque dessa forma atrasa-se o recebimento dos fundos europeus previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, como sempre, “o tempo é dinheiro”. Além disso, depois da crise pandémica cria-se uma crise política que vai afectar a economia que começava a recuperar a bom ritmo com o desemprego mais baixo das últimas décadas e que vai congelar as intenções de investimento dos agentes económicos. Estava previsto o maior aumento do salário mínimo da história da nossa democracia, aumentos extraordinários das pensões mais baixas e a gratuitidade progressiva das creches, o que representava um acréscimo de rendimentos para as famílias.
Porém, em nome dos seus interesses particulares, os partidos chumbaram a proposta, o que os cidadãos comuns acham que foi uma loucura e um acto irresponsável, que prejudicou todos os portugueses e afectou a nossa imagem e prestígio internacionais.
Nestas circunstâncias, o Presidente da República decidiu devolver a palavra aos eleitores e marcou eleições legislativas para o dia 30 de Janeiro. Não havia outra alternativa sensata e, aqueles que mais esticaram a corda, não poderão esperar a compreensão dos portugueses quando eles forem votar daqui a noventa dias.
De facto, é muito difícil de aceitar a irredutibilidade do comportamento dos discípulos do ideólogo Louçã, que foram longe demais e não cuidaram de proteger os verdadeiros interesses dos portugueses, incluindo daqueles que lhe deram o voto que lhes tem garantido assento parlamentar.
Com o quadro actual, também o tempo das selfies marcelistas e de outras rapaziadas parece ter chegado ao fim...