quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

R. I. P. Eduardo Lourenço

Eduardo Lourenço deixou-nos ontem aos 97 anos de idade, mas a sua notável obra vai permanecer entre nós, tal como o seu exemplo de pensador, de democrata e de amante da liberdade. Ao contrário de tantas pessoas que aparecem na televisão e que afirmam tê-lo conhecido e com ele ter convivido, eu nunca me cruzei com ele, nem o conheci pessoalmente, mas devorei em devido tempo algumas das suas obras, de que destaco O Fascismo nunca Existiu (Publicações Europa-América, 1976) e O Labirinto da Saudade (Publicações Europa-América, 1978), de que resultou ter ficado admirador do seu pensamento e das suas análises sobre o momento político que se vivia em Portugal. 
Eduardo Lourenço viveu mais de metade da sua vida em França onde foi professor e se tornou um convicto europeu, sem nunca ter esquecido as suas raízes rurais de São Pedro de Rio Seco, no concelho raiano de Almeida. No seu percurso de vida como pensador, professor, filósofo e ensaísta, foi amplamente reconhecido, tendo sido distinguido com condecorações portuguesas e francesas e com quatro doutoramentos honoris causa, além de muitos prémios, de que se destacam o Prémio Camões em 1996 e o Prémio Pessoa em 2011 que são, certamente, os mais prestigiados prémios da cultura portuguesa. 
Era administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian desde 1999, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade em 2014 e, desde 2016, era Conselheiro de Estado, designado pelo actual Presidente da República. 
Não há muitos portugueses cujo currículo académico e exemplo de cidadania se equipare ao de Eduardo Lourenço.