segunda-feira, 20 de maio de 2013

Um livro sobre a nossa história recente

O 25 de Abril aconteceu há 39 anos, mas ainda há muitos episódios por contar, relativamente ao regime do Estado Novo que naquele dia foi derrubado e que, por vezes, parecem ser esquecidos e, em alguns casos, até branqueados. Um desses episódios mais marcantes foi a perseguição que a PIDE fez aos oposicionistas ao regime, aos movimentos estudantis e sindicais e, em especial, àqueles que tinham optado por acções violentas. Embora a transição de Salazar para Marcelo Caetano tivesse trazido alguns ventos de liberalização ao regime, foi sol de pouca dura e, nos anos de 1973 e 1974, várias centenas de pessoas foram presas, incluindo militantes comunistas e de movimentos de extrema-esquerda, católicos progressistas e operacionais da luta armada. As prisões de Peniche e de Caxias tornaram-se pontos simbólicos da repressão do regime e foi nessas prisões que estiveram os últimos presos do Estado Novo, que o 25 de Abril libertou.
A jornalista Joana Pereira Bastos decidiu recolher o testemunho de alguns desses presos políticos que então se encontravam no Forte de Caxias, a fim de preservar essa memória histórica de um tempo que foi doloroso para muitas pessoas e o resultado foi um livro: Os Últimos Presos do Estado Novo - tortura e desespero em vésperas do 25 de Abril".
É um trabalho de grande interesse documental que resulta de mais de uma dezena de depoimentos de antigos presos políticos - alguns deles bem conhecidos - que está muito bem contextualizado e que é de fácil leitura pois a escrita é muito fluente. É um livro a não perder por quem queira conhecer algumas das raízes do 25 de Abril ou por quem queira conservar viva a memória dos tempos da ditadura. 

Que saia o mais depressa possível

Não é preciso perceber muito de economia, nem ler a imprensa estrangeira para perceber que o passos-gasparismo e, especialmente o monocórdico gaspar, nos estão a levar – irresponsavelmente – por desgraçados caminhos, ao utilizar a austeridade sobre a austeridade na sua governação. Andamos há dois anos a afundar-nos. O Estado e a sociedade estão em vias de desagregação. Os indicadores socio-económicos evidenciam essa realidade, mas o cidadão comum nem precisa de os conhecer pois observa a catástrofe das empresas a falir, das lojas a fechar, dos desempregados a entrar na marginalidade e dos jovens a emigrar. Há desconfiança, incerteza e até medo por todo o lado. Aumentou a pobreza e a fome. Sem sensibilidade, o passos-gasparismo ataca os mais fracos, isto é, os pensionistas, os reformados e os funcionários públicos. Muita gente denunciou este estado de coisas e esta gente, inclusive nos círculos do poder, como sucede desde há muito com Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, António Capucho ou Silva Peneda.
Agora as vozes dissonantes ainda são mais insuspeitas. António Lobo Xavier fez uma crítica radical: o apelo à troika de 2011 podia não ter existido, pois foi uma exigência dos que queriam o pote. Disse ele: “se não fosse a sofreguidão pelo pote, estaríamos como Espanha, combatendo a crise sem perder a soberania”. Também António Bagão Félix veio declarar no Diário Económico que “o papel de Vítor Gaspar está esgotado”. Então que saia o mais depressa possível.
Só me lembro do Miguel de Vasconcelos.