domingo, 14 de junho de 2015

O mito Robin Hood e o discurso de Hillary

No dia 8 de Novembro de 2016 realizar-se-ão as eleições presidenciais americanas. Ainda faltam mais de 16 meses, mas já estão oficialmente anunciadas 14 candidaturas, sendo dez por parte de apoiantes do Partido Republicano e quatro por parte de apoiantes do Partido Democrata. Este elevado número de candidaturas resulta em boa medida do facto de Barack Obama, o actual Presidente, não ser elegível para um terceiro mandato, o que aumenta a probabilidade de vir a acontecer uma mudança de ciclo dos Democratas para os Republicanos.
Um dos candidatos democratas já anunciados é Hillary Rodham Clinton, a antiga Primeira Dama (1993-2001) e Secretária de Estado (2009-2013), que ontem fez o lançamento oficial da sua campanha presidencial na ilha Roosevelt, no East Side de Nova Yorque, com um discurso de 40 minutos perante alguns milhares de apoiantes, tendo a seu lado o marido Bill Clinton, a filha Chelsea e o genro Marc Mezvinsky. Respondendo aos que apontam os seus 67 anos de idade como um handicap, ela disse que “posso não ser o candidato mais jovem na corrida presidencial, mas vou ser a mais jovem mulher a ser Presidente dos Estados Unidos”. Porém, o que despertou mais interesse no discurso de Hillary Clinton foi a sua declaração anti-Wall Street e de grande hostilidade ao poder especulativo e ganancioso dos bancos, dos fundos financeiros e das grandes empresas, tendo afirmado que “iria tirar aos ricos para dar aos pobres”. O diário sensacionalista New York Post, que é o sétimo jornal americano em termos de circulação, destacou hoje essa declaração de ataque aos ricos para tratar Hillary Clinton como Rodham Hood, isto é, uma moderna versão no feminino do simbólico Robin Hood, o herói mítico dos ingleses que roubava aos ricos para dar aos pobres.

A exposição da obra de Josefa de Óbidos

Josefa de Óbidos e a invenção do Barroco Português é uma grande exposição patente no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, com mais de 130 peças de pintura, escultura e artes decorativas, provenientes das colecções de várias instituições nacionais e estrangeiras, em que se destacam os museus do Prado e de Bellas Artes de Sevilha e o Mosteiro do Escorial, além de muitas obras cedidas por colecionadores particulares. Destacam-se, também, algumas importantes pinturas e retábulos provenientes de algumas igrejas e paróquias da região Oeste, nomeadamente Cascais, Peniche e Torres Vedras, para as quais a pintora trabalhou.
Josefa de Ayala Figueira, conhecida em Portugal por Josefa de Óbidos, era filha do pintor português Baltazar Gomes Figueira, natural de Óbidos, e de mãe espanhola, tendo nascido em Sevilha em 1630, mas os seus pais fixaram-se em Óbidos quando ela tinha 4 anos de idade. Seguiu as pisadas artísticas do pai desde a adolescência e viveu em Óbidos até 1684, sendo considerada uma especialista na pintura de temas religiosos  e de naturezas mortas, onde incluia flores, frutos, aves de caça e objectos inanimados.
A exposição dispersa-se por oito núcleos e constitui, também, um suporte para revelar os méritos e a originalidade do Barroco Português nos anos que se seguiram à restauração da independência portuguesa. Trata-se de uma exposição muito bem estruturada e muito pedagógica que nos revela uma grande pintora e a sua época,  estando patente no Museu Nacional de Arte Antiga até ao dia 6 de Setembro.

A nova face do poder local em Espanha

Havia uma grande expectativa quanto aos arranjos políticos que iriam concretizar-se depois das eleições autárquicas espanholas de 24 de Maio.
Ontem, realizou-se a tomada de posse dos novos alcaides e de mais de oito mil novos autarcas, depois de terem sido negociados muitos pactos pactos e alianças entre as “forças da mudança”. O mapa político espanhol foi muito alterado, com a esquerda (PSOE, Podemos e outras formações nacionalistas e independentes) a garantir o poder em 37 das 54 capitais de província do país e a acabar com domínio do PP no poder local, que agora governa apenas 17 das 43 capitais que antes governava. Como salienta o jornal madrileno El Mundo, foi a “revolución en los ayuntamientos”.
O facto mais saliente aconteceu nos dois maiores municípios espanhóis e teve duas mulheres independentes como protagonistas: em Madrid foi empossada Manuela Carmena, juiza reformada que foi eleita pela lista cidadã “Ahora Madrid” e que garantiu o apoio do PSOE para governar a capital com maioria absoluta e, em Barcelona, tomou posse a activista política e social Ada Colau, que assumiu o cargo após a vitória da sua coligação “Barcelona en Comú”. A generalidade das lideranças agora empossadas tem um ideário político que se afasta claramente das práticas partidárias habituais e defende o governo das cidades com uma política anti-austeridade e ao serviço da maioria empobrecida, a criação de emprego, o reforço da coesão social, uma maior equidade económica e social, uma participação efectiva dos cidadãos e a eficiência nas despesas públicas.
Em Espanha, as expectativas são muito altas mas, naturalmente, o que acontecer no país vizinho também nos interessa.