Sob a pressão da sua realidade económica e das imposições da União Europeia, o governo de Espanha decidiu avançar com medidas de austeridade que possibilitem o equilíbrio das suas contas públicas e, entre elas, a subida da taxa máxima do IVA para 21%, o corte de salários aos funcionários públicos, a supressão da dedução fiscal na compra de casa e o corte nos subsídios de desemprego. Trata-se de uma dura receita, semelhante à que tem sido adoptada nos países em dificuldade, como por exemplo em Portugal.
A imprensa espanhola deu-lhe o devido destaque: Sacrifício titulava o La Razon, El gran ajuste anunciava o La Vanguardia ou A Europa ya manda, dizia o La Gaceta, enquanto o El País anunciava La EU pone bajo tutela a España.
A vice-presidente e porta-voz do governo espanhol foi clara ao dizer que “a Espanha vive actualmente um dos momentos mais difíceis e dramáticos da nossa História recente” e que as medidas de austeridade adoptadas não são fáceis nem populares, ao referir-se ao programa de ajustamento de 65 mil milhões de euros.
Porém, o problema espanhol é muito mais vasto, devido ao elevado índice de desemprego, à debilidade da banca, às dívidas das comunidades autónomas e às desigualdades regionais, pelo que a população, os sindicatos e outras forças reagiram de imediato e manifestaram-se nas ruas.
São tudo más notícias para Portugal, não só pela instabilidade social que se adivinha do outro lado da fronteira e que pode ter efeitos de contágio, mas também porque haverá menos importações de produtos portugueses e menos turistas espanhóis a visitar-nos.