sábado, 28 de dezembro de 2019

Exercícios navais do Irão, Rússia e China


A edição de hoje do diário Iran Daily anuncia com grande destaque que modernos navios do Irão, da Rússia e da China saíram do porto iraniano de Chabahar, iniciando quatro dias de exercícios navais no mar de Oman e na área norte do oceano Índico, com o objectivo de “melhorar a segurança do comércio marítimo internacional e combater a pirataria e o terrorismo”. O exercício foi baptizado com o nome de código Marine Security Belt e, segundo foi anunciado, vai incluir diversos exercícios tácticos, como tiro ao alvo, resgate de navios assaltados, combate a incêndios e outros exercícios combinados, mas na realidade trata-se de uma grande operação de comunicação em que a Rússia e a China mostram ao Ocidente e ao mundo que são aliados do Irão e que “o Irão não pode ser isolado”.
Para os Estados Unidos e para a sua política errática na região do Golfo este exercício multinacional conjunto mostra que, de facto, já existe uma coligação militar de apoio ao Irão e que a influência militar americana na região já não é o que era. Por isso, a repetida intenção de Donald Trump de hostilizar a República Islâmica do Irão e as suas frequentes ameaças de desencadear um ataque contra o seu território e as suas eventuais instalações de produção de engenhos nucleares, foram fortemente abaladas com a realização deste exercício e com a formalização desta forte aliança, sendo considerado que a diplomacia americana falhou no seu propósito de isolar internacionalmente o Irão, tal como falhara na tentativa de controlar a guerra na Síria. Porém, o que não deixa de ser preocupante para a paz no mundo é a forma como todos os grandes interesses se posicionam no Médio Oriente e no Golfo.

Jair Bolsonaro e a violência no Brasil


A escolha que os brasileiros fizeram para ocupar o Palácio do Planalto e servir o país como presidente tem-se revelado muito controversa ou errada, porquanto os estudos de popularidade mostram que 38% da população considera que Jair Bolsonaro e o seu governo são maus ou péssimos e que só 29% o consideram bom ou óptimo. Esta queda na popularidade de Jair tem-se acentuado nos últimos meses e a notícia agora divulgada pelo jornal O Globo sobre os registos para posse de armas de fogo vai certamente acelerar essa queda de popularidade.
Esses registos aumentaram 48% durante os primeiros onze meses do governo de Jair Bolsonaro, passando de 47,6 mil registos em 2018 para 70,8 mil registos desde Janeiro até Novembro de 2019, significando o registo médio de cinco armas de fogo em cada hora. Esse número só não é mais elevado porque o elevado preço de uma pistola ou revólver não é comportável com o poder de compra da maioria da população brasileira.
Os brasileiros armam-se e correm o risco de fazer do país um Far West dos tempos modernos em que tudo se resolve a tiro. É um enorme recuo civilizacional. A liberalização da posse e do porte de armas foi uma das promessas da campanha eleitoral de Bolsonaro em 2018, para reduzir a violência no Brasil… um país em que, segundo o Fórum de Segurança Pública, se verificaram 57.341 assassinatos nesse mesmo ano de 2018. Com as medidas tomadas pelo governo de Bolsonaro e a proliferação de armas que agora se verifica também a preocupação da população brasileira cresce em relação ao aumento da violência num país, onde a insegurança e a taxa de homicídios é muito elevada.
O Brasil merecia uma orientação que privilegiasse a harmonia e não o confronto.