Nos últimos meses a atenção internacional tem estado centrada principalmente nas crises grega, espanhola e italiana, aliviando ligeiramente a pressão sobre a Irlanda e sobre Portugal. Agora, com a divulgação das previsões económicas para as grandes economias europeias, verifica-se que afinal a crise não é uma condição inerente aos países da orla mediterrânica “que vivem acima das suas possibilidades”, como por vezes a arrogância alemã e dos seus aliados tem querido evidenciar, mas que a actual crise é bem mais complexa, estando a alastrar e a causar algum pânico nas margens do mar do Norte e do mar Báltico. Na Alemanha verifica-se que a produção industrial, as encomendas e as exportações estão em queda; em França prevê-se que o produto regrida 0,1% no 3º trimestre; no Reino Unido estima-se um crescimento nulo no corrente ano. Há medidas de austeridade anunciadas ou já em execução na generalidade dos países da União Europeia, como por exemplo na França, Holanda, Bélgica e, naturalmente, na Espanha, Itália, Grécia e Portugal. A Finlândia já treme. A Eslovénia e Chipre também. Os tempos que vivemos são difíceis e de incerteza, mas é cada vez mais evidente que a solução para os problemas europeus, requer mais coesão, mais solidariedade e melhores dirigentes para nos governarem. Estamos todos no mesmo barco e, se houver um naufrágio, não haverá náufragos de primeira nem de segunda. Seremos todos apenas náufragos.