Um jornal de
Lisboa bem conhecido pelos seus títulos sensacionalistas e por algumas
campanhas que alimenta, escolheu hoje a dívida pública portuguesa como tema da
sua primeira página. A notícia não é nova, mas porque é apresentada a toda a
largura da primeira página tem um impacto maior e serve para alertar os mais distraídos.
É sabido que, em plena crise financeira
que atravessou o Atlântico e se instalou na Europa, a dívida pública portuguesa
passou de 71,0% do PIB (em 2008), para 83,7% (em 2009) e 94,0% (em 2010). Segundo a
Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, em 31 de Maio de
2011 a dívida atingia 164.348 mil milhões de euros, correspondentes a cerca de
100% do PIB.
Passados 4 anos,
com a intervenção da troika e com um governo submisso que “quis ir mais longe
do que a troika”, a dívida pública portuguesa atingiu 224.155 milhões de euros no
dia 31 de Maio de 2015, correspondendo a cerca de 130% do PIB. Aumentou 59,8
mil milhões de euros em quatro anos!
Significa que com
a troika, o governo nos endividou em cerca de 60 mil milhões de euros, isto é,
aumentou a dívida em cerca de 36%, para além de ter aumentado o desemprego, a
pobreza e a emigração dos mais jovens e de ter criado graves problemas na
educação, na justiça, na saúde e na defesa nacional. A economia e a sociedade estão doentes, mas não faltam lugares para os amigos. No plano europeu tornámo-nos
seguidistas sem dignidade e é lamentável termos abdicado da solidariedade para
com os nossos parceiros e ouvir o presidente do Conselho Europeu desmentir o
primeiro-ministro português. Uma tristeza!
Para quem anda
sempre a acusar os outros, a fazer propaganda, a auto-elogiar-se e a afirmar
que os cofres estão cheios, esta verdade é demolidora e cobre de ridículo
aqueles que têm dito que "é preciso proteger" o que foi feito e
"não voltar a cometer os mesmos erros". É que esta gente não só é
mentirosa, como também é ousada e atrevida na forma como mente.