segunda-feira, 20 de julho de 2015

Como eles nos afundam e nos mentem

Um jornal de Lisboa bem conhecido pelos seus títulos sensacionalistas e por algumas campanhas que alimenta, escolheu hoje a dívida pública portuguesa como tema da sua primeira página. A notícia não é nova, mas porque é apresentada a toda a largura da primeira página tem um impacto maior e serve para alertar os mais distraídos.
É sabido que, em plena crise financeira que atravessou o Atlântico e se instalou na Europa, a dívida pública portuguesa passou de 71,0% do PIB (em 2008), para 83,7% (em 2009) e 94,0% (em 2010). Segundo a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, em 31 de Maio de 2011 a dívida atingia 164.348 mil milhões de euros, correspondentes a cerca de 100% do PIB.
Passados 4 anos, com a intervenção da troika e com um governo submisso que “quis ir mais longe do que a troika”, a dívida pública portuguesa atingiu 224.155 milhões de euros no dia 31 de Maio de 2015, correspondendo a cerca de 130% do PIB. Aumentou 59,8 mil milhões de euros em quatro anos!
Significa que com a troika, o governo nos endividou em cerca de 60 mil milhões de euros, isto é, aumentou a dívida em cerca de 36%, para além de ter aumentado o desemprego, a pobreza e a emigração dos mais jovens e de ter criado graves problemas na educação, na justiça, na saúde e na defesa nacional. A economia e a sociedade estão doentes, mas não faltam lugares para os amigos. No plano europeu tornámo-nos seguidistas sem dignidade e é lamentável termos abdicado da solidariedade para com os nossos parceiros e ouvir o presidente do Conselho Europeu desmentir o primeiro-ministro português. Uma tristeza!
Para quem anda sempre a acusar os outros, a fazer propaganda, a auto-elogiar-se e a afirmar que os cofres estão cheios, esta verdade é demolidora e cobre de ridículo aqueles que têm dito que "é preciso proteger" o que foi feito e "não voltar a cometer os mesmos erros". É que esta gente não só é mentirosa, como também é ousada e atrevida na forma como mente. 

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