quarta-feira, 29 de agosto de 2018

E “il gol più bello” foi de Ronaldo

O golo marcado por Cristiano Ronaldo no passado dia 3 de Abril em Turim, quando ao serviço do Real Madrid defrontava a sua actual equipa da Juventus no jogo da segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões da UEFA, foi escolhido como o golo da época pelos visitantes do site da UEFA.
Nessa votação participaram 346.915 votantes e o golo de Ronaldo foi o escolhido com 197.496 votos, isto é, com 57% dos votos expressos. Significa que esse golo, que nessa noite foi aplaudido pelos adeptos de ambos os clubes e que deu a volta ao mundo através da televisão, vai ficar na história do futebol e vai continuar a ser mostrado como uma bela imagem de um desporto que, lamentavelmente, se tem transformado num espectáculo-negócio e que em Portugal tem mostrado a mediocridade de quem vive à custa do futebol, sobretudo dirigentes, jornalistas e comentadores.
Alguns jornais desportivos, sobretudo italianos, porque a ronaldomania se transferiu recentemente da Espanha para a Itália, voltaram a publicar esse fotografia que já consta de todos os albuns do futebol. O diário Tuttosport foi um desses jornais e, para além de uma expressiva fotografia desse inspirado momento atlético do Cristiano Ronaldo, escolheu como título il gol più bello.
Os anos começam a não ajudar, mas há que confiar no Cristiano Ronaldo e na sua boa estrela para ainda nos dar algumas alegrias futebolísticas, embora elas valham o que valem...

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

John McCain: a morte do herói americano

Morreu o senador americano John McCain, o homem que a América adoptou como símbolo do heroísmo americano na guerra do Vietnam.
Nascido em 1936, John McCain ingressou na Academia Naval dos Estados Unidos em Annapolis, Maryland, tendo optado pela carreira de aviador naval. Após ter completado o seu curso em 1958, voou em diversos tipos de aviões baseados em porta-aviões, incluindo os caças-bombardeiros. Em 1967, durante uma missão de bombardeamento sobre Hanói, o seu avião A-4E Skyhawk foi atingido por um míssil e foi derrubado, mas McCain conseguiu ejectar-se e salvar-se, embora quase se tivesse afogado e tivesse ficado gravemente ferido. Capturado pelos norte-vietnamitas, McCain foi torturado, humilhado, isolado por longos períodos e permaneceu como prisioneiro de guerra durante cinco anos. John McCain poderia ter beneficiado de algum favorecimento por ser filho e neto de almirantes americanos, mas recusou ser libertado sem que os seus camaradas presos há mais tempo fossem libertados primeiro.
Em 1973 foi finalmente repatriado, mas os ferimentos que sofreu na guerra e as doenças que adquiriu no cativeiro nunca o abandonaram, pelo que em 1981 se reformou da Marinha dos Estados Unidos e iniciou uma carreira política no Partido Republicano. Em 1982 foi eleito para a Câmara dos Representantes e em 1987 foi eleito para o Senado, para onde foi sucessivamente reeleito por cinco vezes pelo Arizona. Foi candidato presidencial derrotado por Barack Obama e era actualmente um destacado crítico e adversário de Donald Trump.
A América da direita e da esquerda política reconhecia neste senador um político corajoso, um homem íntegro e o seu herói da guerra do Vietnam. Era um ícone republicano e a sua morte deixa um grande vazio na memória americana.
A imprensa americana, designadamente The Wall Street Journal, prestou-lhe uma grande homenagem  e publicou a imagem do Capitólio cercado de bandeiras a meia haste em memória deste herói americano. 

Fernando Pimenta é o rei da canoagem

Nas pistas de Montemor-o-Velho, o canoísta Fernando Pimenta sagrou-se este sábado pela primeira vez campeão do mundo na categoria K1 1000 metros, depois de ter conquistado a medalha de bronze em 2015 e a medalha de prata em 2017.  No dia seguinte, se não fosse a manchete do Diário de Coimbra, poucos teriam sabido desta notável proeza de Fernando Pimenta, porque nem a imprensa generalista nem a imprensa desportiva compreendem que isto de se conseguir ser campeão do mundo deve ser coisa que dá muito trabalho, que implica devoção e que exige muito sacrifício, mas que também carece de reconhecimento. Por isso, essas figuras são tão raras em Portugal e podem contar-se pelos dedos das mãos. É o caso de Nélson Évora e Rosa Mota, de Rui Costa e de Carlos Lopes e poucos mais. Esses é que são os nossos campeões, mas a nossa imprensa não é sensível aos grandes feitos desportivos e prefere o sensacionalismo e os julgamentos na praça pública.
Passaram 24 horas e Fernando Pimenta apresentou-se para disputar a final da prova de K1 5000, a mais longa do programa, na qual iria defender o seu título de campeão mundial conquistado no ano passado em Racice, na República Checa. Foram 21 minutos e 43 segundos de luta e Fernando Pimenta ganhou. Foi a sua segunda medalha de ouro e, dessa forma, Portugal aparece em 7º lugar no medalheiro do Campeonato do Mundo de canoagem de velocidade. É realmente um acontecimento.
Hoje, o jornal A Bola dedicou a sua primeira página, ao bicampeão do mundo, o que é raro e se saúda. Porém, as manchetes dos outros jornais desportivos são a vinda de Ramires para o Benfica e os reforços para a defesa do Porto. Tanta mediocridade jornalística até dá vontade de rir.

sábado, 25 de agosto de 2018

Munch e as próximas eleições no Brasil

O pintor norueguês Edvard Munch pintou em 1893 uma série de quatro quadros a que deu o título de O Grito e que representam a angústia e o desespero. O quadro adquiriu um estatuto de ícone cultural semelhante à Mona Lisa de Leonardo da Vinci ou à Guernica de Picasso, até porque se tornou a pintura mais cara da história quando em 2012 foi arrematada num leilão por 119,9 milhões de dólares.
Essa imagem icónica da angústia e do desespero foi agora adaptada pela revista Veja a propósito das eleições presidenciais que o Brasil vai disputar no próximo dia 7 de Outubro, porque há muita incerteza quanto ao futuro e até alguma angústia.
Apesar de estar preso há cinco meses e da sua candidatura poder vir a ser rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o ex-presidente Lula da Silva (PT/Partido dos Trabalhadores) continua à frente nas sondagens com cerca de 32% das intenções de voto e o seu nome, ou o nome em que ele venha a aconselhar o voto, têm sempre algum favoritismo. Depois, surgem os nomes de Jair Bolsonaro (PSL/Partido Social Liberal), Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Geraldo Alckmin (PSDB/Partido da Social Democracia Brasileira) e Ciro Gomes (PDT/Partido Democrático Trabalhista). No entanto, apesar da campanha eleitoral já ter começado, os analistas mostram-se muito preocupados com a elevada percentagem de eleitores que ainda não escolheu o seu candidato e também com a rigidez das opções eleitorais. Em particular, a candidatura de Jair Bolsonaro, que representa a extrema-direita brasileira, parece não progredir e esse facto está a perturbar muita gente, incluindo o pessoal da revista Veja, que está apavorado porque o seu Jair está a murchar e não se tem mostrado minimamente competente nos debates em que já participou.
Os brasileiros vão certamente escolher aquele que melhor os servirá. Assim se espera!

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Donald Trump em risco de afogamento?

Para Donald Trump a vida para vai de mal a pior e, a juntar ao descrédito internacional que já acumulou com os seus disparates, arrogâncias e ameaças, intensifica-se agora o seu descrédito na própria América, que começa a ficar farta deste fanfarrão.
Um seu advogado de apelido Cohen veio agora declarar que, durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais, recebeu ordens do Donald para comprar o silêncio de duas mulheres com quem o então candidato presidencial tivera relações íntimas, o que na boa moral da política americana é muito grave e é considerado um crime pela influência que essas coisas têm nos resultados eleitorais.
A revista Time já pegou no assunto e apresenta na sua capa uma ilustração em que o Donald se está a afogar no seu inundado gabinete presidencial.  
Fala-se em impeachment, isto é, na destituição do Donald, mas isso é um processo muito longo e complexo, não comparável à velocidade com que Dilma Roussef foi afastada da presidência do Brasil. Nos Estados Unidos o impeachment começa com uma acusação feita pela Câmara dos Representantes e depois com um julgamento feito pelo Senado, que o pode condenar ou absolver. Porém, actualmente, as duas câmaras do Congresso são republicanas e, por enquanto, leais ao Donald, embora os Democratas procurem inverter a situação nas eleições intercalares para as duas câmaras que se realizarão em Novembro.
Até lá, o desgaste do Donald parece não ir parar e há quem pergunte o que irá ele fazer, onde e quando, para focar a atenção dos americanos noutra coisa e conseguir sair deste imbróglio.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Um industrial português que desaparece

O Diario de Ibiza anunciou ontem com grande destaque que o magnate português Pedro Queiroz Pereira faleceu no passado sábado vítima de um enfarte, quando se encontrava a bordo do seu iate. Pedro Queiroz Pereira tinha 69 anos de idade e costumava navegar todos os anos para as ilhas Baleares, atracando o seu iate de 30 metros na zona de Ibiza Magna, na zona conhecida por El Martillo, que é a mais cara da ilha de Ibiza.
Era um dos mais importantes empresários portugueses e, provavelmente, o maior do sector industrial, sendo conhecido nos meios de comunicação social especializados como o “Rei do Eucalipto”, pois era o principal accionista das empresas de celulose e papeleiras Semapa e Navigator, para além de dominar a cimenteira Secil.
Segundo o jornal espanhol, Pedro Queiroz Pereira costumava realizar reuniões de negócios no seu iate e o acidente terá ocorrido durante uma dessas reuniões.
Durante os anos 80 e com o pseudónimo de PêQuêPê, destacou-se no desporto automóvel em Portugal.
Ainda segundo o jornal espanhol,  a fortuna de Queiroz Pereira está calculada em 779 milhões de euros e o seu desaparecimento constitui uma grande perda para a economia portuguesa onde faltam verdadeiros empreendedores.

domingo, 19 de agosto de 2018

R.I.P. Kofi Annan

Faleceu ontem num hospital de Berna, na Suiça, o homem que ente 1997 e 2006 desempenhou as funções de secretário-geral das Nações Unidas.
Kofi Annan nasceu no actual Gana e tinha 80 anos de idade, tendo sido o primeiro africano negro e também o primeiro funcionário das Nações Unidas a ascender ao cargo de secretário-geral, destacando-se durante a sua longa carreira ao serviço das Nações Unidas como um defensor consequente da paz, do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos e da justiça.
Um dos mais importantes resultados do seu mandato, entre muitos processos de reforma interna e de fixação de metas ambientais para o planeta, foi a sua mediação no processo que conduziu à independência de Timor-Leste, que foi acompanhado com grande unidade e emoção pelo povo português.
Para quem acompanhou o processo de Timor-Leste, desde a invasão indonésia de 7 de Dezembro de 1975 até à realização do referendo de 30 de Agosto de 1999, a intervenção de Kofi Annan foi decisiva ao aceitar as justas reivindicações do povo timorense e ao convencer a parte indonésia e os seus aliados a negociar. Foi ele que utilizou o seu cargo de secretário-geral das Nações Unidas para relançar o tema da independência de Timor-Leste, uma causa que estava adormecida e que os americanos e os australianos queriam esquecer. Em 2001 Kofi Annan recebeu o Prémio Nobel da Paz, numa distinção partilhada com as Nações Unidas e, em 2003, foi um dos primeiros dirigentes mundiais a considerar ilegal a invasão norte-americana e britânica do Iraque cujas nefastas consequências ainda são sentidas.
Kofi Annan foi um grande diplomata, o mundo deve-lhe muito e os portugueses perderam um amigo e um aliado que soube interpretar os sentimentos de timorenses e de portugueses e que foi o “padrinho” do primeiro país do século XXI.

sábado, 18 de agosto de 2018

Viva a Romaria da Senhora da Agonia

A romaria de Nossa Senhora da Agonia começou ontem em Viana do Castelo e decorre durante este fim de semana. A cidade está em festa e é caso para dizer, que festa!
Ontem realizou-se o deslumbrante Desfile da Mordomia, hoje realiza-se o Cortejo Histórico-Etnográfico e, amanhã, a Procissão Solene da Senhora da Agonia. São vários dias de festa com muitos concertos e muita animação, com arraiais e grupos folclóricos, com desfiles de bombos, de cabeçudos e de concertinas, em que participa a população e a que assistem muitos milhares de turistas.
O nome da Senhora da Agonia está associado à maior das romarias e às múltiplas tradições que envolvem a maior festa popular de Portugal, nascida em 1772 da devoção dos homens do mar vindos da Galiza e de todo o litoral português para as celebrações religiosas e pagãs, que ainda hoje são repetidas anualmente na semana do dia 20 de Agosto.
No desfile das mordomas participaram 636 mulheres com os trajos regionais minhotos e com o peito coberto de ouro, estimando-se que desfilaram 20 milhões de euros em ouro. Hoje será o Cortejo Histórico-Etnográfico e amanhã à noite acontecerá a já chamada “Noite dos Tapetes” que transforma seis ruas e cerca de mil metros da ribeira de Viana do Castelo numa verdadeira mostra de arte popular, de uma beleza incomparável com tapetes de sal e centenas de motivos alusivos à cidade e, em especial, à pesca, enquanto a noite é animada por concertinas e cantares ao desafio.
A Senhora da Agonia é a grande festa do Minho, a que nenhum português deve faltar, ao menos uma vez na vida. Viva a Romaria da Senhora da Agonia!

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

A tragédia de Génova e o nosso jornalismo

Na passada terça-feira ocorreu o trágico colapso da ponte Morandi, na auto-estrada A10, na cidade italiana de Génova, quando a sua estrutura desabou sobre uma área industrial de uma altura de 45 metros numa extensão de cerca de 200 metros, arrastando um número ainda indeterminado de viaturas.
A ponte tinha sido construida entre 1963 e 1967 e, supostamente, era objecto de regular manutenção, mas um ministro veio acusar os concessionários das auto-estradas italianas de que cobram as portagens mais caras da Europa, que recebem milhões, que pagam poucos impostos e que nem sequer fazem a manutenção necessária das pontes das auto-estradas.
O mundo impressionou-se com o desastre que provocou quatro dezenas de vítimas e com as imagens que viu na televisão e nos jornais, sobretudo aquelas que mostram uma carmioneta de cor azul e carroceria verde dos supermercati Basko, cujo condutor conseguiu parar a escassos metros do abismo e salvar-se.
O jornal italiano La Reppublica, assim como os grandes jornais internacionais, dedicaram as primeiras páginas das suas edições de ontem à tragédia de Génova com expressivas fotografias, enquanto os jornais portugueses preferiram destacar a exibição de um futebolista de 19 anos chamado Edson Fernandes e, em alguns casos, até ignoraram a notícia do desastre de Génova.
Como aqui temos salientado várias vezes, os jornais e o jornalismo portugueses estão demasiado entregues a comissários e a estagiários. Vão de mal a pior e, depois, queixam-se que não têm leitores...

Marcelo multifunções

Fonte: http://www.antoniojorgegoncalves.com
O cartoon é uma forma de comunicação gráfica humorística, que retrata de uma forma crítica, simples e compreensível alguns factos, situações ou pessoas que fazem parte dos nossos quotidianos.
Um bom cartoonista tem que ter bom traço e bom desenho gráfico mas, sobretudo, tem que ser muito inteligente para captar os aspectos dominantes do objecto do cartoon e para depois os transmitir de uma forma simples, atraente e compreensível para o maior número possível de pessoas.
Há dias cruzei-me na blogosfera com António Jorge Gonçalves e com o seu excelente cartoon que intitulou Marcelo multifunções, inspirado nas funções de um canivete suíço.  É um exemplo de perspicácia, de humor e de inteligência, que traduz a diversidade de aptidões e de interesses do nosso Presidente da República, que está em toda a parte e que comenta, explica, prevê, fala, lê, reza, festeja, participa, visita, critica, abraça, chora e beija e ainda tem tempo e espaço para despachar selfies ao gosto do freguês. 
É mesmo um Marcelo multifunções.
Parabéns António Jorge Gonçalves!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

A euforia das festas do mês de Agosto

No mês de Agosto os portugueses perdem a cabeça, vão de férias, enchem as praias, não perdem nem festas nem romarias e, como se fossem poucos, ainda vêm os emigrantes para aumentar a confusão. Antigamente quem não queria a confusão de Agosto ficava-se pela calma das cidades desertas, mas de há uns tempos para cá vieram os turistas e o país que já era pequeno, ainda ficou menor.
As festas e romarias fazem parte da identidade portuguesa ou, como por vezes se diz, são a essência da alma portuguesa e os poderes locais que são os Municípios, estão na primeira linha na organização de festas para animar os seus municípes e para atrair visitantes, sobretudo em períodos eleitorais ou pré-eleitorais. O jornal i foi estudar o assunto e concluiu que no mês de Agosto os Municípios portugueses gastam milhões de euros em concertos de verão, revelando os chachets pagos contratualmente a muitos artistas, embora a essas despesas contratuais haja que somar as despesas com palco, equipamentos de som, fogo-de-artifício, publicidade e até segurança, para além dos incontornáveis imprevistos.
É muito dinheiro, mas o problema não é apenas uma questão de custo/benefício destas despesas/investimentos que são feitos pelas autarquias, que são entidades públicas e que manuseiam dinheiros públicos. É também um problema de qualidade e, de facto, bastou ver os artistas apresentados pela RTP durante os programas que recentemente acompanharam a Volta a Portugal em bicicleta para se ter uma ideia da foleirice, da brejeirice e da falta de qualidade de muita gente que se faz passar por artista.
Portanto, há que alimentar as euforias de Agosto que são bem ao gosto português, mas há que separar o trigo do joio.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O salto e a vitória de Nélson Évora

Terminaram ontem em Berlin os XXIV Campeonatos da Europa de Atletismo e aconteceu que o atleta português Nélson Évora triunfou na prova do triplo-salto com a marca de 17,10 metros. Os jornais desportivos não deram grande destaque a este feito atlético pois começara o futebol, mas o Público percebeu o significado desta vitória para a auto-estima nacional e deu-lhe o devido destaque.
Nélson Évora tinha vencido o tripo-salto nos Campeonatos do Mundo de 2007 em Osaka e em 2008 tornou-se campeão olímpico nos Jogos Olímpicos de Pequim, onde se afirmou como o quarto atleta português a trazer uma medalha de ouro para Portugal. Passaram-se dez anos e muitas lesões e já poucos acreditavam no atleta português mas, aos 34 anos de idade, Nélson Évora superou-se e ganhou a sua prova, batendo um cubano que a organização aceitou a concorrer pelo Azerbaijão. De resto, está a ser uma prática muito frequente a “compra” de atletas que, num verdadeiro processo de mercenarismo ou de nova escravidão atlética, são aceites nas competições internacionais a concorrer por quem lhe paga mais. Uma vergonha para o desporto e para os seus ideais!
Quanto a Nélson Évora temos que com o seu brio e esforço se tornou campeão europeu, depois de ja ter sido campeão do mundo e campeão olímpico.
Nestes campeonatos disputados em Berlin também houve uma outra medalha de ouro ganha por portugueses, pois Inês Henriques tinha arrecadado o primeiro lugar nos 50 quilómetros marcha. Com estes dois resultados, Portugal fixou-se no 11º lugar do medalheiro destes campeonatos, o que é digno de nota e se aplaude.

sábado, 11 de agosto de 2018

Brasil vai escolher o seu novo Presidente

Faltam menos de dois meses para a realização da primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, que está marcada para o próximo dia 7 de Outubro. Nessa eleição serão eleitos o Presidente da República que sucederá a Michel Temer, os governadores estaduais, os senadores e os deputados federais, estaduais e distritais. Embora o dia 15 de Agosto seja último dia para a apresentação de candidaturas, a campanha eleitoral já começou, tendo já sido apresentadas treze candidaturas presidenciais.
As sondagens já começaram a ser divulgadas e, como sempre acontece, há sondagens para todos os gostos.  Até ao mês de Abril, era habitual incluir o ex-presidente Lula da Silva no painel de candidatos presidenciais e ele aparecia destacado com a mais elevada intenção de voto. Depois que a sua candidatura foi rejeitada por estar preso por envolvimento em casos de corrupção, o seu nome deixou de aparecer nas sondagens, onde agora aparece à frente o candidato da extrema-direita, um tal Jair Bolsonaro, senador pelo Rio de Janeiro e antigo capitão do Exército brasileiro. Porém, há outros candidatos com possibilidades de passar à 2ª volta que se realiza no dia 28 de Outubro, nomeadamente a candidata ecologista Marina Silva, o advogado Ciro Gomes que é apresentado pelo PDT, o académico Fernando Haddad, antigo prefeito de São Paulo que é apresentado pelo PT e Geraldo Alckmin, médico, professor e antigo governador do Estado de São Paulo, apresentado pelo PSDB. Oito dos candidatos já participaram num alargado debate televisivo, conforme nos relata o jornal O Globo do Rio de Janeiro.
Acontece que todos estes candidatos têm passado político, conhecem a realidade brasileira  e sabem que o país está numa séria encruzilhada económica e, sobretudo, social. É preciso que o eleitorado aproveite esta oportunidade para escolher um Presidente com uma sólida vontade de corrigir o que está mal e encetar caminhos de esperança para a sociedade brasileira. Não se espera outra coisa.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A manhosa caixa que mudou o mundo

A  caixa que mudou o mundo, fórmula que os profissionais da televisão gostam de usar para valorizar o seu trabalho, é o mais poderoso meio de comunicação de massa do mundo moderno, abrindo janelas, quebrando fronteiras e divulgando informação cultural, económica e política. Nessas circunstâncias, a televisão tornou-se uma presença permanente nas sociedades contemporâneas e o seu poder de formar e de informar, mas também de educar e de divertir, são enormes nas modernas sociedades, em que há dezenas de canais televisivos ao dispor do público, uns generalistas e outros temáticos. Em Portugal também é assim, embora o espectro televisivo seja dominado por três grandes canais: a RTP, a SIC e a TVI.
Porém, nos últimos tempos, todos estes canais enveredaram por uma programação medíocre, muitas vezes a roçar a foleirice, enchendo manhãs e tardes com programações em que são cultivados os valores mais rascas da nossa realidade cultural. Há, evidentemente, algumas excepções honrosas a essa mediocridade, mas são cada vez mais raras.
No plano informativo, a programação destes canais parece estar entregue a estagiários a quem foi imposta a missão de criar factos controversos ou sensacionalistas, em vez de relatar a verdade com isenção e rigor. Chega a parecer que ninguém tem mão na situação e que não há responsáveis pela verdadeira desgraça que é a informação televisiva, muitas vezes manhosa e desonesta. Nos seus alinhamentos noticiosos, os nossos canais televisivos repetem muitas vezes, dezenas de vezes, a mesma notícia, mesmo quando a realidade já ultrapassou a situação noticiada. Assim, tornou-se normal que um espectador veja uma mesma notícia vezes sem conta e durante vários dias, seja a declaração de um político ou um golo no futebol, uma anomalia na CP ou um abraço presidencial.
Como diria um amigo meu, as nossas televisões são uma boa porcaria e oferecem-nos diariamente um espectáculo demasiado ridículo e manhoso.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

As mentiras e a má reputação do Donald

Uma imagem vale mais que mil palavras e, de facto, a capa da edição de ontem do Daily News é muito expressiva, com a fotografia de Donald Trump travestido de Pinocchio e a palavra ‘mentiras’ em grande destaque.
O Daily News é publicado em Nova Iorque desde 1919 e não é um jornal qualquer, pois é o quinto maior jornal diário americano e tem uma circulação diária da ordem dos 600 mil exemplares, o que significa que a sua mensagem é um forte soco na já muito abalada credibilidade do Donald.
A sua arrogância que quase roça a boçalidade, é exibida por toda a parte por onde passa e em todos os seus encontros com líderes mundiais, dando o dito por não dito demasiadas vezes e recorrendo à mentira com muita frequência. A sua reputação é baixíssima e o mundo sorri perante este espectáculo, perguntando incrédulo como foi possível que um homem com esta personalidade tivesse sido eleito como o 45º presidente dos Estados Unidos.
O país mais poderoso e mais rico do mundo, que de uma ou de outra maneira influencia a vida de muitos milhões de seres humanos em todo o planeta, não pode estar dependente de um homem errático, incompetente e ignorante que, provavelmente, é apenas um bom gestor financeiro.
Investido no seu cargo no dia 20 de Janeiro de 2017, é suposto que o Donald conclua o seu mandato de quatro anos em 20 de Janeiro de 2021. Porém, parece que o seu destino político se aproxima cada vez mais do destino de  Richard Nixon que, na sequência do caso Watergate, renunciou à presidência edos Estados Unidos m 1974 para evitar um processo de impeachment e a sua destituição. 

domingo, 5 de agosto de 2018

O negócio da barbatana de tubarão

A  expansão da economia chinesa e a elevação da qualidade de vida na China criaram uma nova classe de consumidores e novos hábitos de consumo, assim acontecendo em relação à procura da barbatana de tubarão, que é uma iguaria muito apreciada pelos chineses e que é servida em restaurantes caros ou em requintados banquetes e que, em períodos de escassez, é vendida a um preço superior ao da heroína.
Segundo uma reportagem hoje publicada na edição do Miami Herald, calcula-se que dezenas de milhões de tubarões são pescados anualmente de forma ilegal em todos os oceanos do planeta e alguns cientistas estimam que esse número possa ser superior a 100 milhões. A área marítima mais procurada para a pesca furtiva ao tubarão é o Pacífico Oriental e, em especial, as águas que vão desde El Salvador ao Equador, pois é uma região oceânica muito favorável à cadeia alimentar do tubarão. Alguns países, como a Costa Rica, o Panamá, a Colômbia e o Equador já tomaram medidas para limitar essa pesca e para combater a pesca furtiva que está a fazer perigar a espécie, mas parece que nesta “guerra” são os cartéis que estão a ganhar.
O jornal conta a história do navio Fu Yuan Yu Leng 999 que no ano passado foi apreendido nas ilhas Galápagos pela Marinha do Equador, quando encontrou uma carga de 150 toneladas de tubarão, correspondentes a cerca de 6 mil peixes, apenas para realizar o seu maior valor comercial: as barbatanas. Para os naturalistas foi uma grande vitória mas não passou de uma “batalha” ganha, porque a "guerra" decorre a favor do negócio da barbatana de tubarão, no qual entra muita gente e que está cada vez mais florescente.

A Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso

Está a decorrer em São Mateus, na ilha do Pico, a Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, a segunda maior festa religiosa dos Açores, só superada pelas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que se realiza em Maio na cidade de Ponta Delgada.
As festas religiosas que acontecem nos Açores são um ponto alto da vida comunitária, em que as povoações são festivamente decoradas e em que a população participa activamente na sua preparação, sem estar à espera das autarquias ou de outras entidades. As festas atraem sempre muitas centenas ou milhares de pessoas, umas residentes e outras vindas do outro lado do Atlântico que não dispensam a festa da sua terra, sendo sempre manifestações de devoção e de fé intensa, que são visíveis sobretudo nas missas, nas vistosas procissões e no pagamento de promessas.
Porém, a par do seu programa religioso, as festas incluem múltiplas actividades culturais de natureza musical e desportiva, incluindo o desfile e a actuação de filarmónicas e, por vezes, as feiras do livro, as regatas de baleeiros e os concertos, em que actuam grupos e cantores que são contratados no Continente. Além disso, são realizadas muitas outras actividades como as tradicionais arrematações em que as ofertas dos paroquianos são leiloadas em público.
Nos tempos modernos, o recinto das festas é cercado por dezenas de barracas que vendem toda a espécie de comes e bebes, de bugigangas e de uma espécie de artesanato, que dão uma dimensão popular ao acontecimento.
Como acontece sempre, as festas são largamente publicitadas através de coloridos cartazes, como sucede com o cartaz da Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso que aqui reproduzimos.

sábado, 4 de agosto de 2018

A guerra contra as alterações climáticas

A Europa Ocidental, tal como outras regiões do planeta, estão a sofrer os efeitos de uma onda de calor de excepcional amplitude e, em muitas regiões de Portugal, Espanha e França, mas não só, as temperaturas durante o dia estão a situar-se acima dos 40ºC e os incêndios florestais reapareceram com grande intensidade. A revista The Economist aborda esse assunto na sua última edição em que salienta que o mundo está a perder a guerra contra as alterações climáticas que estão a causar frequentes ondas de calor, incêndios florestais quase incontroláveis, inundações, secas e tempestades, enquanto a temperatura média do planeta sobe cada ano para novos patamares, o gelo ártico derrete e o nível do mar sobe.
Em Dezembro de 2015 o mundo pensou que se estava no bom caminho em relação a este combate contra as alterações climáticas, quando 195 países do mundo assinaram o Acordo de Paris durante a Conferência das Nações Unidas sobre o clima. Porém, em Junho de 2017 o sucessor de Barack Obama na Casa Branca anunciou a saída dos americanos deste acordo, o que provocou críticas generalizadas por todo o mundo.
O presidente Emmanuel Macron parece ter erguido então a bandeira nesta guerra contra as alterações climáticas, que já tem sido considerada a 3ª Guerra Mundial. Assim, em Dezembro de 2017 organizou uma cimeira em Paris para a qual convidou cinco dezenas de países, sem que o Donald tivesse sido convidado. O slogan da cimeira foi, simplesmente “Make Our Planet Great Again”, numa clara crítica ao Donald. Foi nessa cimeira que Emmanuel Macron afirmou que o mundo estava a perder a batalha contra as alterações climáticas, uma ideia e um título que The Economist recuperou neste seu artigo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Será o fim da Portuguesa de Desportos?

Existe na cidade brasileira de São Paulo um clube de futebol denominado Associação Portuguesa de Desportos, que é vulgarmente conhecida como a Portuguesa ou como a Lusa. O clube nasceu em 1920 como resultado da fusão de cinco sociedades de raiz portuguesa que então existiam na cidade: Luzíadas Futebol Club, Associação 5 de Outubro, Esporte Club Lusitano, Associação Atlética Marquês de Pombal e Portugal Marinhense.
A Portuguesa tornou-se num dos maiores clubes do Estado de São Paulo e nas suas equipas jogaram alguns dos maiores futebolistas brasileiros, tendo vencido o Campeonato Paulista em 1935, 1936 e 1973, chegando a ser vice-campeão nacional em 1996. No futebol feminino, a Portuguesa também marcou posição de destaque, pois triunfou no Campeonato Brasileiro em 1999 e no Campeonato Paulista em 1998, 2000 e 2002.
Porém, nos últimos anos a equipa do Estádio do Canindé foi caindo desportivamente e os adeptos afastaram-se à medida que viam a sua equipa perder competitividade e descer continuamente de divisão. Acabaram as receitas pelas transmissões televisivas, os patrocinadores também se afastaram e as receitas diminuíram drasticamente, pelo que o clube acumulou uma dívida de 350 milhões de reais. Todas as suas receitas estão agora hipotecadas judicialmente e nos últimos cinco anos, seis presidentes tentaram encontrar soluções para a grave crise do clube. Como titula a revista Veja São Paulo, a Portuguesa está em ruínas.
As instalações do Canindé estão a degradar-se rapidamente por falta de manutenção. As quatro piscinas já foram aterradas para dar lugar a um investimento imobiliário e muitas áreas desportivas e sociais do Canindé estão a ser demolidas. Parece ser o fim da Portuguesa e custa assistir ao fim de uma instituição quase centenária com este nome que inspirou milhares de luso-brasileiros e ajudou a matar a saudade à emigração portuguesa da primeira metade do século XX.