Através do Expresso tivemos acesso a alguns dos milhares de telegramas confidenciais americanos de que a WikiLeaks dispõe, dos quais 722 são relacionados com Portugal.
Mais do que a revelação de factos surpreendentes ou desconhecidos, a iniciativa do Expresso é uma operação de marketing jornalístico que, em estilo de folhetim semanal, se destina a alimentar a curiosidade do público e, naturalmente, a vender jornais.
O primeiro episódio incide sobre armamento e revela que um bom empresário em Silicon Valley não é necessariamente um bom embaixador, o que não é abonatório da Administração Obama e da política externa americana. O embaixador parece alguém que veio passear a Lisboa e que decidiu fazer uma crónica aligeirada de viagens, pela forma pouco rigorosa como opina sobre o nosso país e as suas opções soberanas.
Ao criticar as compras militares, que diz parecerem ser guiadas pelo desejo de ter brinquedos caros e inúteis, o embaixador ignora que são os EUA que pressionam os seus aliados para se armarem e muitas vezes lhes vendem equipamento. Como sempre se viu e agora se vê no Iraque e no Afeganistão. A opção por submarinos alemães e por fragatas holandesas, é criticada porque, certamente, o embaixador gostaria que fossem de origem americana.
E é tudo, mais ou menos assim, sem revelações surpreendentes. Veremos se nos próximos episódios deste folhetim teremos algumas novidades.