terça-feira, 15 de abril de 2014

1889: o fim do Império brasileiro

Laurentino Gomes é um escritor brasileiro que se tornou conhecido com o best-seller 1808, publicado em 2006, que conta a história da partida da Família Real Portuguesa para o Brasil nas vésperas da entrada em Lisboa das tropas do general Junot ou, como refere o sub-título do livro, "como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”.
Quatro anos depois, o escritor brasileiro publicou 1822, que conta a história da independência do Brasil ou, como também refere o sub-título do livro, “como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para não resultar”.
Em 2013 Laurentino Gomes publicou 1889, que conta a história do fim da Monarquia brasileira ou, como também refere o sub-título do livro, “como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”. Este é o último livro de uma trilogia sobre o Brasil do século XIX e é o único que ainda não foi publicado em Portugal. Tal como os dois livros anteriores, está muito bem documentado e é de leitura muito agradável, dando-nos a conhecer um período da História brasileira que é menos conhecido em Portugal.
Um dos seus principais protagonistas é Dom Pedro II que, hoje, seria um cidadão com dupla nacionalidade – nascido no Brasil e filho de pai português. Desde a declaração de independência em 1822 até à proclamação da República no dia 15 de Novembro de 1889, isto é, durante 67 anos, o Brasil foi um Império que durante 49 anos, 3 meses e 22 dias foi governado por Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Habsburgo e Bragança, mais conhecido como Dom Pedro II. Era filho de Dom Pedro I (Dom Pedro IV de Portugal) e da imperatriz Leopoldina, era neto de Dom João VI e irmão de Maria da Glória, que foi rainha de Portugal com o nome de Dona Maria II. Segundo o autor do livro, o imperador era um homem austero, culto e admirado. Foi forçado a exilar-se e morreu em Paris com 66 anos de idade.

25 de Abril: os grandes e os pequenos

Lisboa, 14 de Abril de 2014
Três antigos Presidentes da República Portuguesa participaram ontem na conferência "O 25 de Abril, 40 anos depois", organizada pela SIC Notícias e pelo Expresso e disseram que o 25 de Abril valeu a pena, mas que há ainda muito por fazer para melhorar a democracia em Portugal, porque o desemprego ainda é muito elevado e a elevada pobreza nos envergonha.
Num painel moderado por Pinto Balsemão, ouvi Eanes, ouvi Soares e ouvi Sampaio a elogiarem o desprendimento do poder por parte dos militares que protagonizaram a Revolução dos Cravos, permitindo a instauração do regime democrático em Portugal, bem como a defesa que fizeram do Estado Social. Ouvi Mário Soares a dizer que o 25 de Abril foi “o dia mais feliz da minha vida”, a afirmar que “quem fez o 25 de Abril foram exclusivamente os militares, não foram os civis, nem os partidos políticos” e a solidarizar-se com os capitães de Abril e a recusar o convite para estar na Assembleia da República nas comemorações oficiais da data, embora “nesse dia ande de cravo ao peito”. Ouvi Ramalho Eanes fazer um retrato crítico dos tempos que atravessamos e dizer que o facto de "haver portugueses com fome é uma coisa que nos ofende e que não devíamos permitir", mas também que sem Estado Social, o pluralismo e a tolerância estão em perigo. Ouvi Jorge Sampaio a dizer que o 25 de Abril foi “uma utopia que se realizou”, que acabou com 13 anos de guerra, para além de ser igualmente muito crítico com a situação por que passa o nosso país e dizer que "não é com salários baixos, mas com pessoas qualificadas" que se pode desenvolver o país.
Foram três vozes grandes a afirmar que o 25 de Abril valeu a pena.
Há poucos dias eu tinha ouvido a desbocada e mal penteada Presidente da Assembleia da República num infeliz e deselegante registo dirigido aos militares de Abril, exactamente aqueles que lhe abriram as portas para uma carreira política para a qual, parece, não ter qualidades pessoais; e ouvi, também, o actual inquilino de Belém numa sessão de propaganda a que lamentavelmente se associou, num registo despropositado de bajulação de cunho partidário e de indiferença perante a lamentável situação social e económica por que passa o país, a mostrar que não é o presidente de todos os portugueses. Assim mesmo.
Uns são grandes, outros são muito pequenos.