domingo, 10 de setembro de 2023

As lições da tragédia de Marraquexe

O forte terramoto de 6,9 graus de magnitude que aconteceu na noite de sexta-feira em Marrocos teve a dimensão de uma grande tragédia, pois provocou mais de dois mil mortos e uma enorme destruição, sobretudo na área da cidade histórica de Marraquexe, que está classificada pela Unesco como património mundial. A imprensa mundial destaca hoje esse trágico acontecimento com a mesma fotografia, em que uma desesperada moradora da cidade chora a sua desgraça entre as ruínas.
Nos últimos tempos o número de grandes catástrofes naturais tem aumentado, por razões diversas, mas sobretudo devido às alterações climáticas e ao egoísmo das nações. As comunidades e os seres humanos estão a ser vítimas de incêndios florestais e de ciclones devastadores, de inundações e de sismos, mas também de secas extremas e do progressivo degelo polar. As Nações Unidas, sobretudo pela voz de António Guterres, têm denunciado a apatia geral dos líderes mundiais perante esta ameaça global e esta hecatombe, que se aproxima mais depressa do que tínhamos pensado. Porém, a generalidade dos líderes que nos governam parece pensar em mais armas, mais munições e mais aviões para a guerra da Ucrânia, e menos na solução dos problemas ambientais do mundo. Na recente visita que fez a Kiev, o nosso presidente da República apoiou a continuação da guerra com grande entusiasmo, parecendo ignorar que as guerras só aproveitam aos fabricantes de armamento, aos especuladores de alimentos e aos produtores de energia, mas que afectam seriamente a economia, a qualidade de vida e a confiança no futuro da Humanidade.
A tragédia que nas últimas horas se abateu sobre os nossos vizinhos de Marrocos é apenas mais um sinal, mas também uma lição, a aconselhar que pensemos mais e melhor quanto ao futuro do nosso planeta.