O forte terramoto
de 6,9 graus de magnitude que aconteceu na noite de sexta-feira em Marrocos
teve a dimensão de uma grande tragédia, pois provocou mais de dois mil mortos e
uma enorme destruição, sobretudo na área da cidade histórica de Marraquexe, que
está classificada pela Unesco como património mundial. A imprensa mundial
destaca hoje esse trágico acontecimento com a mesma fotografia, em que uma
desesperada moradora da cidade chora a sua desgraça entre as ruínas.
Nos últimos
tempos o número de grandes catástrofes naturais tem aumentado, por razões
diversas, mas sobretudo devido às alterações climáticas e ao egoísmo das nações.
As comunidades e os seres humanos estão a ser vítimas de incêndios florestais e
de ciclones devastadores, de inundações e de sismos, mas também de secas
extremas e do progressivo degelo polar. As Nações Unidas, sobretudo pela voz de
António Guterres, têm denunciado a apatia geral dos líderes mundiais perante
esta ameaça global e esta hecatombe, que se aproxima mais depressa do que
tínhamos pensado. Porém, a generalidade dos líderes que nos governam parece
pensar em mais armas, mais munições e mais aviões para a guerra da Ucrânia, e
menos na solução dos problemas ambientais do mundo. Na recente visita que fez a
Kiev, o nosso presidente da República apoiou a continuação da guerra com grande
entusiasmo, parecendo ignorar que as guerras só aproveitam aos fabricantes de
armamento, aos especuladores de alimentos e aos produtores de energia, mas que
afectam seriamente a economia, a qualidade de vida e a confiança no futuro da
Humanidade.
A tragédia que
nas últimas horas se abateu sobre os nossos vizinhos de Marrocos é apenas mais
um sinal, mas também uma lição, a aconselhar que pensemos mais e melhor quanto ao
futuro do nosso planeta.