quinta-feira, 14 de maio de 2015

O PIB cresce, mas a economia diverge

O Eurostat divulgou ontem o seu news release 84/2015, com a estimativa rápida dos resultados do desempenho económico comunitário no 1º trimestre de 2015, verificando-se que, tanto para a Zona Euro (ZE19), como para a totalidade da União Europeia (UE28), houve um crescimento do produto de 0,4% relativamente ao 4º trimestre de 2014. Em termos homólogos ou anuais, isto é, em comparação com o 1º trimestre de 2014, a economia da ZE19 cresceu 1,0%, enquanto a economia da UE28 cresceu 1,4%. Os comentadores e os analistas atribuiram esta boa evolução ao plano Draghi, à desvalorização do euro e à baixa do preço do petróleo, ao mesmo tempo que contemplam com alguma inveja o crescimento de 3,0% que se verificou nos Estados Unidos. A economia da Europa, tal como muitas outras coisas, não vai bem.
Relativamente a Portugal, os resultados divulgados pelo INE e pelo Eurostat coincidem, isto é, verificou-se um crescimento do produto português de 0,4% no 1º trimestre de 2015 e um crescimento homólogo ou anual de 1,4%. Este resultado é satisfatório e está na chamada média europeia, significando que a nossa economia esteve em linha com as outras economias europeias, mas mostra que continuamos sem convergir com as mais desenvolvidas, que ficamos mais para trás e que este crescimento não é gerador de emprego. O PIB cresce, mas, sem investimento nem emprego a nossa economia não consegue convergir com "o pelotão da frente" e não tira partido do dinamismo espanhol. 
Dos resultados relativos a 19 países que foram divulgados no news release do Eurostat verifica-se que mais de metade tiveram um crescimento do produto superior ao que se verificou em Portugal (1,4%), assim sucedendo por exemplo com a Roménia (4,2%), a Hungria (3,1%), a Eslováquia (2,9%), a Espanha (2,6%), o Reino Unido (2,4%) e a Holanda (2,4%).
Os resultados relativos à economia portuguesa são animadores, até porque actualmente há economias em recessão (Finlândia e Grécia), mas não justificam o delírio e o triunfalismo serôdio e injustificado de algumas vozes que aproveitam estes números para pintar com cores claras aquilo que é uma situação complicada de estagnação e de paralisia económica que todos observamos, com muitas empresas encerradas, muitas lojas falidas, tantos jovens desempregados e tantos idosos sem protecção.