Estão a decorrer
as comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões e esse facto
influenciou o importante discurso que a escritora Lídia Jorge proferiu em Lagos
no dia 10 de junho, que é o Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas.
Luís de Camões é
um poeta do Renascimento e da Modernidade, é uma figura inspiradora da cultura portuguesa e da identidade nacional.
N’Os Lusíadas,
ele celebra a viagem de Vasco da Gama e faz inúmeras observações sobre a
História de Portugal, com as suas grandezas e as suas tragédias. De entre as inúmeras mensagens deixadas ao longo dos dez
Cantos da obra, sempre admirei o episódio do Velho do Restelo, que se encontra
cantado entre as estrofes 94 e 104 do Canto IV, em que “um velho, de aspecto
venerando”, “com um saber só d’experiência feito”, falou e, entre outras
coisas, disse o seguinte:
Ó glória de
mandar! Ó vã cobiça/ Desta vaidade a quem chamamos fama (XCV)
A que novos
desastres determinas/ De levar estes Reinos e esta gente? (XCVII)
Deixas criar às
portas o inimigo/ Por ires buscar outro de tão longe (CI)
Buscas o incerto
e incógnito perigo/ Por que a Fama te exalte e te lisonje (CI)
Deixa intentado a
humana geração./Mísera sorte! Estranha condição! (CIV)
Glória de mandar, cobiça, vaidade, fama, mísera sorte... Hoje, os versos de Camões revelam-se premonitórios perante o que está a acontecer em Kiev e em Gaza, em Los Angeles e em Paris, mas em muitas mais cidades europeias e americanas.