À medida que a
crise europeia se propaga a mais países e que a terapêutica da austeridade se
tem revelado incapaz de outra coisa que não seja o aprofundamento da própria
crise, criando mais recessão e mais desemprego, fragilizando a coesão social e
lançando milhões de pessoas no desespero, surgem vozes de novos quadrantes a
condenar os rumos da austeridade que têm sido adoptados na Europa. Ao discurso
do controlo do défice e da redução da dívida, está a suceder o discurso do
crescimento económico e do emprego, ao mesmo tempo que se vai formando uma
frente anti-austeridade que está a unir a França, a Itália e a Espanha.
Numa
entrevista hoje publicada no Jornal de
Notícias, o presidente do BES afirma nunca ter visto uma crise tão
destruidora de emprego e de riqueza, o que é natural porque, com a grave
situação económica e social por que passamos, o negócio da banca também já não
é o que era. Nessa entrevista, aquele banqueiro aponta algumas orientações para
o relançamento da economia portuguesa, afirmando que “estas medidas
violentíssimas no IRS e no IVA têm que regredir” e que “poderia ter sido
evitada a cavalgada do IVA para as empresas de restauração que absorviam muito
emprego”, mas referindo também “o desânimo dos empresários” e a necessidade de um
“nível fiscal atraente para o capital estrangeiro”. É curiosa esta opinião de
um banqueiro, a mostrar que há outros caminhos para o nosso país que vão para além do servilismo dos
nossos governantes aos funcionários da troika e aos seus mandantes.