Na passada
quinta-feira assistimos pela televisão, em directo de Nova Iorque, à designação
de António Guterres como o novo Secretário-Geral das Nações Unidas, por
unanimidade dos seus 193 membros e por aclamação. Para os portugueses foi uma
transmissão histórica. É uma distinção rara ou mesmo única para um cidadão
português que o próprio fez por merecer, mas que também resultou de um esforço
colectivo nacional que envolveu o Presidente da República, o governo e a
oposição, a diplomacia e, certamente, muitos outros intervenientes. Não é comum
haver tanta unanimidade nacional em torno de uma causa e desde 1999, quando os
portugueses aderiram à causa da independência de Timor-Leste (curiosamente
quando António Guterres era primeiro-ministro de Portugal), que nada disto
acontecia. Isso enche-nos de orgulho e resgata-nos de muitas humilhações que nos têm feito a Comissão Europeia de Barroso e de Juncker, bem como as senhoras Merkel e Lagarde, mais o Dijsselbloem e o Schauble, entre outros.
O processo de
selecção foi longo, duro e transparente. António Guterres foi o melhor ao
vencer todas as seis votações, revelando uma superior preparação para o cargo e
tendo, entre outras credenciais a seu favor, o seu desempenho como
alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Num período de
grande tensão internacional, António Guterres teve o apoio unânime do Conselho
de Segurança e conseguiu colocar do mesmo lado os Estados Unidos e a Rússia,
mas também a China, o Reino Unido e a França.
O cargo que vai
ocupar a partir de Janeiro é mais exigente do que qualquer outro que antes
tenha desempenhado, com muitas guerras para resolver e com milhões de
refugiados para apoiar, num contexto em que a própria ONU acumulou erros e
omissões, mas também muitas críticas. Porém, as suas declarações no sentido da
gratidão, da humildade e do sentido da responsabilidade são muito animadoras
para o mundo.
A revista do
semanário Expresso dedica hoje a sua capa ao novo Secretário-Geral da ONU
e escolheu o título “maior do que Portugal”, dizendo que “é muito mais do que o
rosto das duas grandes vitórias da diplomacia portuguesa nas últimas décadas”.
Sem dúvida que os olhos do mundo estarão focados na acção deste nosso
compatriota, a quem desejamos felicidades e bons resultados.