segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Xi Jinping, o líder indiscutível da China

O 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) terminou ontem e aprovou uma emenda à sua carta magna que eleva o estatuto do seu secretário-geral, pelo que Xi Jinping foi reeleito para um terceiro mandato como “líder indiscutível da China”. Nunca, desde o falecimento de Mao Tse-Tung em 1976, um líder chinês conquistara tanto poder como aquele que foi conferido a Xi Jinping. A imprensa mundial deu notícia desse acontecimento e publicou a fotografia do todo-poderoso líder chinês, assim acontecendo com a edição de hoje do The Wall Street Journal.
O mundo fica agora na expectativa do que vai acontecer no futuro e vai lembrar-se do discurso de Xi Jinping na abertura do Congresso, em que reafirmou que Taiwan faz parte da China e disse que essa questão “é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês”, numa clara alusão às posições americanas que assumem a defesa e a autonomia de Taiwan, mas também a sua afirmação de que “não renunciaremos nunca ao uso da força e reservamos a possibilidade de adoptar todas as medidas necessárias”.
Os dados estão lançados há muito tempo. A China insiste na reunificação ou no regresso de Taiwan à mãe-pátria, enquanto as mútuas provocações ou as tensões diplomáticas que acontecem, como a visita de Nancy Pelosi a Taiwan ou os exercícios militares no estreito de Taiwan, vão alimentando esta importante questão que Xi Jinping vai quere resolver durante o seu mandato.

R.I.P. Adriano Moreira

O Professor Adriano Moreira faleceu ontem com cem anos de idade, que completara no passado dia 6 de Setembro. Nesse dia, prestei-lhe a minha homenagem neste meu espaço comunicacional e elogiei-lhe a sua sabedoria, a sua inteligência, a sua sensatez e a sua devoção à causa pública.
Eu tinha por ele uma estima reverencial e uma grande admiração pela sua agradável postura social, pelo que dizia e pela forma como dizia, que se traduzia numa permanente aprendizagem para quem o escutava. Eu ouvi-o muitas vezes e li muito do que escreveu. Cruzei-me com ele pela primeira vez há 54 anos quando foi meu professor no ISCSP e, mais tarde, reencontrei-o no ISNG da Marinha Portuguesa, onde ele ensinava Ciência Política e eu tratava das aulas de Economia e Finanças.
Os anos passaram e em 1998 encontrei-o como curador da Fundação Oriente, a instituição cultural a que estive ligado durante alguns anos, onde por diversas vezes conversamos, sobretudo a respeito da Marinha a que ambos estávamos ligados por razões sentimentais.
Em Fevereiro de 2017 fui convidado pelo Instituto D. João de Castro, a que ele então presidia, para falar sobre “Goa contemporânea”. Recordo-me do evidente interesse com que o Professor Adriano Moreira acompanhou a minha exposição e das elogiosas palavras que no fim me dirigiu que, embora excessivas porque foram ditadas pela amizade, tanto me emocionaram.
Hoje, a voz da sociedade portuguesa é unânime na homenagem a este homem que foi uma personalidade marcante da nossa vida política e cultural durante tantos anos.