domingo, 29 de agosto de 2021

Ronaldo é muito mais que um futebolista

Rosto do jornal mexicano Récord,
edição de 28 de Agosto de 2021
O futebol é um dos meus desportos favoritos e gosto de acompanhar os grandes jogos e o ambiente festivo que os rodeia, mas sobretudo entusiasma-me o que se passa dentro do campo durante os 90 minutos do jogo, com as habilidades dos grandes futebolistas, os grandes golos e as grandes defesas. Tudo o que decorre à margem desses 90 minutos não me interessa, porque são negociatas com demasiados interesses envolvidos ou são conversas e comentários feitos por alienados, mais ou menos disfarçados de comentadores. Por isso, não me interessam nem acompanho os longos espaços televisivos a discutir se foi ou não foi penalti, se o árbitro apitou bem ou mal ou se as equipas devem comprar ou vender jogadores. Tudo isso faz parte de um negócio de milhões que eu não quero entender, até porque não percebo de onde vêm tantos milhões. 
Porém, o caso de Cristiano Ronaldo é uma excepção nesse mundo do futebol e, por isso, não deve ser ignorado.
Ronaldo era jogador da Juventus de Turim e tem 36 anos de idade, que já é uma idade avançada para um jogador de alta competição, mas foi anunciada a sua transferência para o Manchester United, o clube que entre 2003 e 2009 o projectou para a fama e para o sucesso, tendo os seus adeptos entrado em euforia. Todos pensam que Ronaldo vai ser o dinamizador do ressurgimento dos red devils, que vai tirar o clube da sombra do seu rival Manchester City e que vai voltar a ser um dos maiores clubes do mundo.
Parece que Ronaldo vai ser o mais bem pago jogador do futebol inglês e a sua transferência foi notícia de primeira página com fotografia, pelo menos em duas dezenas de países e em várias dezenas de jornais. É realmente um fenómeno único, o caso deste homem que é mais conhecido no mundo do que o seu próprio país.

Atentado em Cabul e... a guerra continua

Os acordos de Doha que levaram à retirada estrangeira do Afeganistão, também permitiram a entrada dos Taliban em Cabul, o que provocou uma onda de pânico e levou muitos milhares de pessoas, sobretudo aquelas que durante cerca de vinte anos mais colaboraram com as forças americanas e da NATO, a correr para o aeroporto de Cabul na tentativa de abandonar o país. A situação tornou-se caótica, como mostraram muitas reportagens televisivas que chegaram até nós.
Durante as operações de retirada de civis estrangeiros e afegãos no aeroporto de Cabul, verificou-se na passada quinta-feira um duplo atentado suicida em que morreram pelo menos 180 pessoas, entre as quais 13 militares americanos, além de ter havido cerca de duas centenas de feridos.
Os vinte anos de guerra custaram a vida a 1.909 militares americanos em combate, mas este atentado foi um dos mais mortíferos ataques sofridos pelos Estados Unidos no Afeganistão e só dois acidentes com helicópteros, acontecidos em 2005 e 2011, tinham provocado mais vítimas. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico-Província de Khorosan, conhecido pela sigla Isis-K e os Estados Unidos não demoraram a retaliar, anunciando ter morto os principais responsáveis pelo atentado.
Este atentado veio mostrar que a instabilidade e a guerra no Afeganistão vão continuar e que os Estados Unidos também irão “continuar” a ter uma presença no país, agora contra o Isis-K e ao lado dos Taliban, o seu anterior inimigo. As voltas que o mundo dá...
Numa atitude de reconhecimento em que os Estados Unidos são exemplares, o jornal The New York Times presta hoje homenagem na sua primeira página aos militares mortos no aeroporto de Cabul.