Os acordos de
Doha que levaram à retirada estrangeira do Afeganistão, também permitiram a
entrada dos Taliban em Cabul, o que provocou uma onda de pânico e levou muitos milhares
de pessoas, sobretudo aquelas que durante cerca de vinte anos mais colaboraram
com as forças americanas e da NATO, a correr para o aeroporto de Cabul na
tentativa de abandonar o país. A situação tornou-se caótica, como mostraram
muitas reportagens televisivas que chegaram até nós.
Durante as
operações de retirada de civis estrangeiros e afegãos no aeroporto de Cabul, verificou-se
na passada quinta-feira um duplo atentado suicida em que morreram pelo menos 180
pessoas, entre as quais 13 militares americanos, além de ter havido cerca de duas
centenas de feridos.
Os vinte anos de
guerra custaram a vida a 1.909 militares americanos em combate, mas este
atentado foi um dos mais mortíferos ataques sofridos pelos Estados Unidos no
Afeganistão e só dois acidentes com helicópteros, acontecidos em 2005 e 2011,
tinham provocado mais vítimas. O ataque foi reivindicado pelo Estado
Islâmico-Província de Khorosan, conhecido pela sigla Isis-K e os Estados Unidos
não demoraram a retaliar, anunciando ter morto os principais responsáveis pelo
atentado.
Este atentado
veio mostrar que a instabilidade e a guerra no Afeganistão vão continuar e que
os Estados Unidos também irão “continuar” a ter uma presença no país, agora
contra o Isis-K e ao lado dos Taliban, o seu anterior inimigo. As voltas que o
mundo dá...
Numa atitude de
reconhecimento em que os Estados Unidos são exemplares, o jornal The
New York Times presta hoje homenagem na sua primeira página aos militares
mortos no aeroporto de Cabul.
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