sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A crise britânica e o sonho de Liz Truss

Os jornais de quase todo o mundo publicaram a fotografia de Liz Truss, a primeira-ministra britânica que ocupou o nº 10 de Downing Street apenas por 45 dias. Esta insólita demissão é o resultado de várias trapalhadas cometidas por alguns dos seus ministros, da fragmentação do seu partido e da contestação resultante da crise económica e social por que passa o Reino Unido, mas também da forma imprudente e insensata como ela conduziu a sua governação, pois tendo sido escolhida por se apresentar como a herdeira política de Margareth Thatcher ou da Dama de ferro, veio a comportar-se como uma Dama de barro, conforme hoje se lhe refere o diário espanhol ABC.
Este acontecimento político teve repercussão mundial e foi mais um caso a afectar o prestígio internacional do Reino Unido e a evidenciar o desnorte da sua governação, sobretudo desde que, no dia 31 de Janeiro de 2020, se consumou o Brexit. Muitos britânicos ainda não compreenderam a mudança e na Escócia, as repartições públicas, continuam a hastear a bandeira da União Europeia.
A persistente instabilidade política no Reino Unido já levou a oposição trabalhista a pedir eleições antecipadas. Talvez seja a solução mais apropriada, pois a actual situação de incerteza política e de crise social pode acelerar o processo de fragmentação do Reino Unido, sobretudo pelos fortes sentimentos separatistas da Escócia e da Irlanda do Norte.
O sonho de Liz Truss se tornar uma Margareth Thatcher do século XXI gorou-se, mas é tão grande a diversidade de ideias e de interesses dentro do Partido Conservador, que já ninguém acredita que a estabilidade possa surgir sem que haja eleições antecipadas.