Com um sentido
inverso do que se passa em Portugal, o Brasil está a atravessar um momento
muito difícil devido à crise pandémica, verificando-se que o número de óbitos se aproxima dos dois mil registos diários, enquanto o número de novos
infectados ultrapassa os setenta mil casos por dia. Esta situação é muito
preocupante porque já estão contabilizados 260.970 óbitos desde o início da pandemia,
um valor que no mundo só é superado pelos Estados Unidos.
Embora seja
difícil perceber as razões da actual subida de casos e de óbitos, verifica-se
que a imprensa brasileira atribui uma boa parte dessa responsabilidade ao próprio
presidente da República, recordando o mau exemplo que constituem as palavras
que utiliza quando fala para a imprensa: “E
daí?", "gripezinha", "não sou coveiro" e "país de
maricas" foram algumas das formas utilizadas pelo presidente da
República para desvalorizar ou mesmo
desdenhar publicamente uma situação que continua a alastrar e que já infectou
mais de dez milhões de brasileiros.
Neste contexto, o presidente Jair Bolsonaro interveio e ontem fez uma
declaração pública em Goiás, em que afirmou: "Vocês não ficaram em casa.
Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura,
de mimimi. Vão ficar chorando até quando?".
O jornal Estado de Minas,
que se publica na cidade de Belo Horizonte, foi um dos jornais que não gostou
da frescura, nem do mimimi, tendo criticado severamente as
declarações do Jair, lembrando-lhe que o país real está desesperado. Outros
jornais criticaram o Jair e lembraram a carência de vacinas e um confinamento
pouco eficaz, a par de uma enorme quebra na economia. A OMS classificou a situação por que passa o Brasil como uma tragédia.
O Brasil bem precisava de um outro presidente, porque quando isto acabar vai ser necessário reconstruir o Brasil.