sábado, 25 de novembro de 2023

A trégua em Gaza e o alinhamento europeu

A luta entre Israel e o Hamas já dura há cerca de 48 dias e é mais um episódio da guerra que desde 1948 envolve judeus e palestinianos. Desta vez, foram as acções violentas, bárbaras e terroristas do Hamas sobre os kibutz na área de Gaza, que originaram a normal reacção de Israel que, depressa se revelou devastadora, desproporcionada e que o mundo também classificou como terrorismo, devido aos ataques cegos da sua aviação, que tem reduzido a cinzas grandes áreas urbanas e levado a morte a milhares de civis, como o mundo já não via desde 1945. Finalmente, por efeito das pressões internacionais, foi aceite uma breve trégua nos combates por razões humanitárias.
O historial do conflito entre judeus e árabes é bem conhecido, como são conhecidas as repetidas violações israelitas do Direito Internacional e das Resoluções das Nações Unidas e a contínua humilhação do povo da Palestina. A Europa sempre teve responsabilidades geopolíticas nesta região e a União Europeia herdou essas responsabilidades. Porém, desde o dia 7 de Outubro que a maioria dos dirigentes europeus tem repetido o que era óbvio, isto é, que Israel tem o direito a defender-se, mas o facto é que todos sabiam que Israel iria usar todo o seu potencial militar e que iria aproveitar esta oportunidade para empurrar uma vez mais os palestinianos para fora do seu território. A Europa, ou o Ocidente, deveriam ter procurado uma solução de paz e de futuro para aquela região e levar Israel a cumprir as Resoluções das Nações Unidas, como em 1993 fizeram Bill Clinton, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat.
Em nome da Europa destacou-se a vaidade narcisista de Ursula von der Leyen que, usando poderes de representação que não tem, apoiou a declaração de vingança de Israel. Foi uma vergonha para os europeus, mas a senhora não esteve só, pois outros líderes europeus também mostraram desprezo pelas leis humanitárias da guerra. Melhor têm andado Joe Biden e Antony Blinken, apesar de estarem envolvidos nas eleições presidenciais. A Europa assiste a tudo isto sem uma condenação conjunta e inequívoca de Israel em nome dos seus princípios e alimenta uma campanha de propaganda, em que a CNN e os seus comentadores aparecem sempre na primeira fila. 
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez também foi a Israel mas, como revela o jornal La Vanguardia, atirou uma pedrada no charco e instou o radical Benjamin Netanyahu para que "parasse a catástrofe humanitária em Gaza", porque “o número de palestinianos mortos é insuportável”, além de ter anunciado a possibilidade da Espanha reconhecer o estado palestiniano à margem da União Europeia. No mesmo dia, o ministro Cravinho andou a visitar os kibutz que o Hamas atacara e não se imagina outra coisa tão ridícula para o ministro, como esta sua visita a Israel que, objectivamente, dá o aval português aos bombardeamentos e ao genocídio na Faixa de Gaza.