A luta entre
Israel e o Hamas já dura há cerca de 48 dias e é mais um episódio da guerra que
desde 1948 envolve judeus e palestinianos. Desta vez, foram as acções violentas,
bárbaras e terroristas do Hamas sobre os
kibutz na área de Gaza, que originaram a normal reacção de Israel que,
depressa se revelou devastadora, desproporcionada e que o mundo também
classificou como terrorismo, devido aos ataques cegos da sua aviação,
que tem reduzido a cinzas grandes áreas urbanas e levado a morte a milhares de
civis, como o mundo já não via desde 1945. Finalmente, por efeito das pressões
internacionais, foi aceite uma breve trégua nos combates por razões
humanitárias.
O historial do conflito entre judeus e árabes é bem conhecido,
como são conhecidas as repetidas violações israelitas do Direito Internacional
e das Resoluções das Nações Unidas e a contínua humilhação do povo da
Palestina. A Europa sempre teve responsabilidades geopolíticas nesta região e a
União Europeia herdou essas responsabilidades. Porém, desde o dia 7 de Outubro
que a maioria dos dirigentes europeus tem repetido o que era óbvio, isto é, que
Israel tem o direito a defender-se, mas o facto é que todos sabiam que Israel
iria usar todo o seu potencial militar e que iria aproveitar esta oportunidade
para empurrar uma vez mais os palestinianos para fora do seu território. A
Europa, ou o Ocidente, deveriam ter procurado uma solução de paz e de futuro
para aquela região e levar Israel a cumprir as Resoluções das Nações Unidas,
como em 1993 fizeram Bill Clinton, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat.
Em nome da Europa
destacou-se a vaidade narcisista de Ursula von der Leyen que, usando poderes de representação que não
tem, apoiou a declaração de vingança de Israel. Foi uma vergonha para os
europeus, mas a senhora não esteve só, pois outros líderes europeus também
mostraram desprezo pelas leis humanitárias da guerra. Melhor têm andado Joe
Biden e Antony Blinken, apesar de estarem envolvidos nas eleições
presidenciais. A Europa assiste
a tudo isto sem uma condenação conjunta e inequívoca de Israel em nome dos seus
princípios e alimenta uma campanha de propaganda, em que a CNN e os seus
comentadores aparecem sempre na primeira fila.
O primeiro-ministro
espanhol Pedro Sánchez também foi a Israel mas, como revela o jornal La
Vanguardia, atirou uma pedrada no charco e instou o radical Benjamin
Netanyahu para que "parasse a catástrofe humanitária em Gaza", porque “o número
de palestinianos mortos é insuportável”, além de ter anunciado a possibilidade
da Espanha reconhecer o estado palestiniano à margem da União Europeia. No mesmo dia, o
ministro Cravinho andou a visitar os kibutz
que o Hamas atacara e não se imagina outra coisa tão ridícula para o ministro, como esta sua visita a Israel que, objectivamente, dá o aval português aos bombardeamentos e ao genocídio na Faixa de Gaza.