quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A identidade portuguesa em Ceuta

Um dos jornais que se publica diariamente em Ceuta, a cidade autónoma de Espanha situada no norte de África, é o El Pueblo de Ceuta. Trata-se de um jornal com conteúdos de incidência local e com uma tiragem muito limitada pois serve uma cidade com cerca de 80 mil habitantes.
Na primeira página da sua edição de hoje, o jornal inclui várias notícias de carácter local e ilustra-as com uma fotografia em que se destaca o brasão de armas da cidade, que é o escudo português.
Esse brasão de armas é uma herança do tempo em que a cidade pertenceu aos domínios do rei de Portugal. A cidade de Ceuta foi conquistada em 1415 por D. João I e até 1640 foi governada pelos portugueses, mas quando ocorreu o movimento da Restauração que restituiu a plena soberania a Portugal e terminou com a União Ibérica, a população não aclamou o Duque de Bragança como rei de Portugal e decidiu ficar sob o domínio espanhol. A situação veio a ser reconhecida pelo Tratado de Lisboa de 1668, mas a cidade decidiu manter a sua bandeira formada por gomos brancos e pretos, semelhante à da cidade de Lisboa e o escudo português. Assim, o brasão de armas de Ceuta é o escudo português, o que constitui uma curiosidade histórica.

O milagre económico lusitano?

A iniciativa de convocar as chamadas jornadas parlamentares da maioria, aparentemente para esclarecer os deputados sobre o conteúdo do Orçamento do Estado que em breve vai ser discutido, teria sido uma coisa positiva se não se tivesse transformado numa jornada de propaganda pura e dura, que encheu as televisões com o discurso de um sucesso que todos sabemos não ser verdade. Porém, propaganda é assim mesmo, mas não gostei. Além disso não gostei nada de ver a segunda figura do Estado metida naquela sessão, inclusive a lembrar-nos que a primeira figura estava ausente. Em nome da credibilidade do Estado, isso não pode acontecer. Não lhe fica bem e, se havia dúvidas, aí está a confirmação de que é uma marioneta do seu partido, o que ajuda a explicar como chegou e onde chegou.
Mas houve outras notas interessantes nestas jornadas, a fazer corar de vergonha o Paul Krugman e o Joseph Stiglitz. A primeira foi a declaração substantiva  do vice-ministro Portas de que "é possível que Portugal esteja a poucas semanas de saber oficialmente que saiu de uma recessão técnica", o que parece ser uma adivinhação ou uma pressão sobre o INE, semelhante às que são feitas sobre o TC. A segunda foi a bomba lançada pelo ministro Lima, que até parecia ser diferente naquele governo de adolescentes (comentador Mendes dixit), ao classificar como "milagre económico" o que está a acontecer com a economia portuguesa. Como é possível dizer-se isto quando “vemos, ouvimos e lemos” uma realidade bem diferente no nosso quotidiano e, no mesmo dia, o INE nos veio dizer que em 2012 emigraram 121.418 pessoas, isto é, mais de 10 mil pessoas por mês do melhor que a nossa comunidade tem – um record histórico desde que há registos. O que é que querem fazer de nós?