A realização da
Cimeira do G20 em Roma proporcionou um encontro do Papa Francisco com Narendra
Modi, o primeiro-ministro da Índia, que constituiu um facto de grande
relevância internacional.
Desde que o Papa
João Paulo II visitara a Índia em 1999, que as relações entre o Vaticano e a
Índia se tornaram frias, como demonstram as fracassadas negociações havidas em
2017 para que o Papa visitasse a Índia, por ocasião da visita papal ao
Bangladesh e a Mianmar. O encontro de Roma estava programado para durar 20 minutos,
mas prolongou-se por mais de uma hora, o que foi interpretado como uma
reviravolta nas relações entre o Vaticano e a Índia, até pela elucidativa
declaração final de Narendra Modi: “Tive um encontro muito caloroso com o Papa
Francisco. Tive a oportunidade de discutir uma ampla gama de questões com ele e
também o convidei para visitar a Índia".
As fotografias do
encontro são esclarecedoras da empatia entre os dois líderes e foram
reproduzidas com grande destaque pela imprensa indiana, nomeadamente pelo
diário The Hindu, o que é significativo num país onde mais de 80% da
população professa o hinduísmo e onde os 20 milhões de católicos apenas
representam 1,5% da população. O fanatismo religioso, incentivado pela actual
liderança de Narendra Modi e do BJP, o seu partido, têm feito aumentar a
discriminação e a violência sobre as minorias religiosas, incluindo os cristãos,
um pouco por todo o país.
O Papa Francisco
aceitou o convite de Narendra Modi e a sua visita vai contribuir para uma maior
tolerância religiosa e para levar a sua solidariedade aos cristãos da Índia.
Certamente, o Estado de Goa vai poder receber um Papa que foi jesuíta e que não
vai perder a oportunidade de visitar a terra que recebeu Francisco Xavier, o
primeiro jesuíta que missionou na Ásia, bem como o seu túmulo na Basílica do
Bom Jesus em Velha Goa. O culto por São Francisco Xavier tem em Goa a sua máxima
expressão e a comunidade goesa venera-o como o Goencho Saib, o santo de Goa.
Jorge Mario
Bergoglio, o arcebispo de Buenos Aires que foi elevado ao cardinalato em 2001 e que foi
eleito Papa em 2013, ao escolher o nome de Francisco, inspirou-se na
vida de São Francisco Xavier. Agora Francisco irá cumprir uma missão pontifical, mas também um desejo: conhecer o ponto de partida da rota asiática de São Francisco Xavier.