domingo, 24 de julho de 2011

Um grande espectáculo televisivo

Terminou hoje a Volta à França de 2011. O grande espectáculo desportivo que se disputa desde 1903 e que, como nenhum outro, entusiasma os franceses até ao delírio, chegou-nos diariamente através de dois canais televisivos e de bons comentários.
Durante algumas dezenas de horas repartidas por 21 etapas, pudemos acompanhar os 3430 quilómetros da prova, etapa a etapa e quase metro a metro, graças a uma reportagem de excelência que só os modernos meios de reportagem possibilitam.
O Tour de France é um grande espectáculo desportivo de cor e movimento mas, nos últimos anos, transformou-se também num espectáculo televisivo, ao mostrar-nos as imagens aéreas dos mais belos cenários franceses, onde se incluem as altas montanhas alpinas e pirenaicas, as planícies e vales, as florestas, lagos e rios, mas também as cidades e as pequenas povoações alinhadas ao longo das estradas com os seus castelos, igrejas, palácios e pontes.
O Tour de France é, de facto, um grande espectáculo televisivo, mas no aspecto desportivo a corrida deste ano também foi muito disputada e teve um resultado incerto até ao fim.
Ganhou o australiano Cadel Evans, seguido pelos irmãos Schleck, do Luxemburgo.
Andy Schleck fez o 2º lugar pela terceira vez e o campeoníssimo Alberto Contador ficou-se pelo 5º lugar. O português Rui Costa ganhou a 8ª etapa mas terminou a prova em 90º lugar, enquanto o medalhado olímpico Sérgio Paulinho terminou em 81º lugar.
Porém, o que me fica na memória foi a excelência do espectáculo televisivo!

Até na máquina fiscal há corrupção

Na sua edição de hoje, o Correio da Manhã trata de uma importante faceta da corrupção – a corrupção na máquina fiscal.
Há cerca de um mês, um ex-autarca do Porto denunciou na televisão e nos jornais, que o Parlamento tem sido o "centro de corrupção" em Portugal, mais parecendo "um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”.
Perspectiva diversa tem um estudo promovido em 2010 pela Procuradoria-Geral da República, que conclui que quase 90% da corrupção em Portugal envolve os órgãos de poder local, sobretudo as câmaras e as empresas municipais.
Estas apreciações têm por base a corrupção como conceito jurídico.
Porém, a corrupção também é um conceito social e é com ele que nos confrontamos diariamente em Portugal. Assume inúmeras formas e vai desde a pequena cunha, do jeitinho e do tráfico de influências, até ao suborno, ao grande negócio e ao enriquecimento ilícito.
O Correio da Manhã revela-nos que até na máquina fiscal há corrupção, que vale milhões, na linha do que há dias afirmara a directora do DCIAP, ao dizer que a fraude fiscal em Portugal é assustadora. As práticas corruptas que o jornal denuncia resultam do facto de haver trabalhadores dos impostos que colaboram com escritórios de contabilidade, com escritórios de advogados e com empresas, sem respeito pelo seu código de conduta e sem que nada lhes aconteça.
Há que combater exemplarmente essas práticas que não podem ficar impunes. A corrupção em Portugal não é apenas um problema jurídico porque é, também, um problema de cultura cívica, que urge combater, tal como se fez com o analfabetismo ou com o tabagismo.