domingo, 6 de novembro de 2016

Uma volta ao mundo à vela em 80 dias

Os 29 participantes na 8ª edição da Vendée Globe, partiram hoje de Les Sables-d’Olonne, uma pequena cidade francesa situada na costa da Bretanha, para tentar vencer o desafio de fazer a volta ao mundo em solitário, sem quaisquer escalas e sem qualquer tipo de assistência. A prova realiza-se de quatro em quatro anos, é exclusiva para veleiros monocasco com menos de 18,30 metros e no seu regulamento está estabelecido que prova passa pelos três cabos – Boa Esperança (África do Sul), Leeuwin (Austrália) e Horn (Chile). É, por isso, um desafio que atrai os melhores e mais corajosos velejadores do planeta que gastarão cerca de oitenta dias para percorrer um mínimo de 24 mil milhas, embora tudo dependa das variáveis meteorológicas, como o vento, o estado do mar e até os gelos que encontrarem. A experiência dos velejadores é fundamental, assim como a sua condição física, porquanto nunca poderão dormir mais de meia hora sem interrupção e só quando o tempo o permitir.
Na edição da prova que hoje começou em Les Sables-d’Olonne e que terminará no mesmo porto na segunda quinzena de Janeiro participam velejadores de dez nacionalidades diferentes: vinte são franceses, mas há um espanhol, um inglês, um holandês, um húngaro, um suiço, um americano, um japonês e um neo-zelandês. Muitos milhares de pessoas assistiram à largada das 29 embarcações mas, através de várias plataformas tecnológicas, é possível acompanhar quase “em directo e ao vivo” esta grande prova desportiva. O actual detentor do recorde da prova é François Gabbart que na última edição da prova completou a volta ao mundo em 78 dias, 2 horas e 16 minutos, mas ele é também o grande ausente da presente edição, onde apenas estará um antigo vencedor, Vincent Riou, que conquistou a Vendée Globe em 2004-05.
A edição de hoje do diário regional francês Le Télégramme faz uma desenvolvida reportagem desta volta ao mundo em 80 dias, com a qual nem Júlio Verne sonhara.

A difusão da língua portuguesa no mundo

O título da última edição do jornal Tribuna de Macau é muito interessante e sugestivo ao salientar que a “língua portuguesa atrai centenas para 20 vagas”. De facto, o Programa de Aprendizagem de Tradução e Interpretação de Chinês e Português promovido pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) de Macau atraiu 287 candidatos para 22 vagas e, segundo foi afirmado por alguns responsáveis macaenses, esse interesse resultou de uma campanha pública e de muita discussão sobre a importância do ensino do português. Ao mesmo tempo, outros salientam a provável influência das declarações do Primeiro-Ministro chinês Li Kequiang, que recentemente visitou o território de Macau e que vincou a importância da língua portuguesa no quadro das relações entre a China e os países lusófonos.
O programa tem a duração de dois anos e integra-se no quadro de cooperação em Formação de Tradução e Interpretação das Línguas Chinesa e Portuguesa entre a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China e a União Europeia, cuja primeira edição decorreu em 2011.
A iniciativa merece aplauso. No entanto, era desejável que a problemática do ensino do português e de outras áreas afins como a tradução, a interpretação ou a tradução simultânea, constituissem uma prioridade do governo português. Essa é a missão do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., e é a tarefa desempenhada por cerca de duas dezenas de Centros Culturais e por cerca de quatro dezenas de Centros de Língua Portuguesa que existem no estrangeiro, mas são necessários mais Centros e, sobretudo, mais professores qualificados. Tem prevalecido o princípio económico que nos diz que as necessidades são ilimitadas mas que os recursos são escassos e, por isso, a difusão e o ensino da língua portuguesa não têm merecido o devido apoio em recursos orçamentais. Num tempo em que se espera que o português venha brevemente a ser uma língua oficial nas Nações Unidas conforme vai ser proposto pela CPLP, pode ser que essa circunstância venha a gerar um maior interesse no apoio orçamental à difusão da nossa língua.

O próximo Presidente dos Estados Unidos

Estamos a pouco mais de 30 horas das eleições americanas e, embora se trate de um assunto interno dos Estados Unidos da América, o facto de se tratar da eleição do Presidente da mais poderosa nação do mundo, dá a esse acontecimento uma relevância planetária. A personalidade que for eleita e que vai suceder a Barack Obama não vai governar o mundo, mas vai influenciar muito do que nele irá acontecer nos próximos anos. Os mass media americanos, mas também em muitos outros países, apoiaram um ou outro dos candidatos, publicando textos a enaltecer as suas virtudes e merecimentos ou a divulgar suspeitas sobre o adversário. As suas fotografias ilustraram a capa dos jornais de todo o mundo e a sua presença nas televisões foi permanente. A América, mas também o mundo que não vota, ficaram a conhecer Hillary Clinton e Donald Trump.
Porém, nesta longa caminhada que são as campanhas eleitorais nos Estados Unidos, os programas dos candidatos não foram suficientemente discutidos e a campanha derivou para contínuas acusações que ultrapassaram o que seria uma campanha normal, muitas delas sobre a vida sexual dos candidatos ou dos seus familiares, mas também sobre as suas posições xenófobas, o desrespeito pelas mulheres, as relações com o fisco ou a forma como acumularam fortuna. Em vez da apresentação de figuras nacionais a apoiar os candidatos, as campanhas utilizaram várias mulheres que se prestaram a fazer depoimentos sobre as agressões sexuais de que teriam sido vítimas por parte de Donald Trump ou do marido de Hillary Clinton.
O resultado das sondagens têm evoluido ao longo do tempo e hoje mostram que o resultado é imprevisível, mas parece haver uma certeza que o Der Spiegel revelou, isto é, foi a campanha mais suja da história americana e as suas consequências poderão ser trágicas e prolongar-se no tempo. De resto, a fotografia que ilustra a capa da sua edição de ontem é elucidativa ao mostrar Trump e Clionton cobertos de lama. Veremos se os eleitores americanos escolhem o menos enlameado dos candidatos.