Com a presença
dos presidentes de Angola, da República Democrática do Congo e da Zambia, foi
inaugurado o troço final do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) que liga Luena à
estação do Luau, na província do Moxico, ficando concluida a ligação ferroviária
entre o porto do Lobito na costa atlântica e o interior de Angola, numa distância
total de 1344 quilómetros. No mesmo dia foi inaugurada a ponte ferroviária
transfronteiriça que liga o território angolano à República Democrática do
Congo, estando prevista para muito breve a ligação à Zambia. Com essa recuperada
infraestrutura, aqueles dois países do interior voltam a ter uma forma de
exportar o minério das regiões do Katanga (RDCongo) e do Copperbelt (Zambia),
através do “corredor do Lobito” e da via marítima. Além disso, a ligação à Zambia
tornará possível atingir a Beira (Moçambique) e Dar es Salam (Tanzania), mas
também a África do Sul, o que fará desta rede uma infraestrutura estratégica
para as economias destes países.
Após a
independência de Angola em 1975, o CFB não resistiu à guerra civil e uma parte
da sua infraestrutura foi destruida ou danificada. Logo que em 2002 se
consolidou a paz, a sua reabilitação assumiu uma elevada prioridade para o
governo angolano mas, desde logo, a complexa operação de desminagem da via férrea
foi um dos aspectos mais importantes do projecto. Devido à impossibilidade da
utilização de meios electrónicos para a desminagem, foi necessário o
levantamento manual de 1,9 milhões de travessas ferroviárias, para que mais de
1.300 especialistas retirassem manualmente durante seis anos cerca de 12 mil
engenhos explosivos não detonados e mais de 11 mil minas antipessoal. Hoje,
esse projecto ficou concluido e, segundo revela o semanário agora, “engoliu mais de cinco mil milhões de
dólares”.
Como curiosidade
histórica, recorda-se que o governo português iniciou a construção do Caminho
de Ferro de Benguela em 1899, embora o porto do Lobito só em 1931 tivesse recebido
por via ferroviária o primeiro carregamento de cobre proveniente do Katanga
(Congo Belga).
O CFB foi uma infraestrutura de grande sucesso no tempo colonial
e espera-se que recupere esse estatuto, para bem da economia de Angola e dos
angolanos.