Ontem o jornal The
New York Times escolheu para título da sua primeira página a frase
“U.S. will send more arms, defying Moscow” e, na sua edição de hoje, o mesmo
jornal escolheu o título “Moscow hits military base near Poland”. Estes dois
títulos mostram como a situação na Ucrânia é complexa. Num dia é dito que “os americanos
vão mandar mais armas para a Ucrânia, desafiando Moscovo” e, no dia seguinte, é
dito que “Moscovo atinge uma base militar ucraniana perto da fronteira polaca”.
A base militar
atacada pela Rússia está localizada em Yavoriv, a cerca de vinte quilómetros da
fronteira polaca e, segundo o noticiário internacional, servia de campo de
treino das forças ucranianas e de voluntários estrangeiros, sob a supervisão de
instrutores estrangeiros, sobretudo americanos e canadianos, bem como
ponto de recolha da ajuda militar disponibilizada por vários países à Ucrânia.
É
um caso evidente da lei de talião, ou de “olho por olho, dente por dente”, que
mostra que o verdadeiro combate não é entre russos e ucranianos e que,
portanto, uns e outros, estão a ser vítimas das lutas pela hegemonia mundial.
De imediato, alguma
imprensa internacional tratou de atirar mais gasolina para a fogueira, trazendo
a NATO “para o barulho” e escrevendo títulos como “war reaches Nato border” (The Times), “Russia strikes near Poland
border” (The Wall Street Journal) ou
“Putin bordea el territorio Otan” (El
País).
Karl von
Clausewitz, um general prussiano que participou nas guerras napoleónicas e que também
foi um grande pensador, escreveu há quase duzentos anos que “a guerra nada mais
é que a continuação da política por outros meios”. A guerra desencadeada no dia
24 de Fevereiro com a invasão russa da Ucrânia, confirma a tese de Clausewitz.
Há que parar com a guerra e reconduzir o conflito bélico ao seu patamar político.