Por
circunstâncias diversas estamos na recta final de uma longa campanha eleitoral
e a votação vai realizar-se no próximo domingo. Naturalmente que se deseja uma
elevada participação dos eleitores, não só para exprimirem as suas escolhas, mas também para dar maior
confiança aos escolhidos que irão
ocupar as cadeiras da Assembleia da República.
As campanhas
eleitorais dos partidos concorrentes são sempre um animado espectáculo para
mobilizar os seus apoiantes e para capturar o voto dos indecisos, com muitas
promessas aos eleitores e muitas críticas aos adversários, deixando para segundo
plano a apresentação dos respectivos programas e a discussão dos temas
dominantes que mais interessam ao eleitorado. Tem sido sempre assim, mas agora
está pior, porque as promessas partidárias são demasiado irrealistas e esquecem
sempre que os nossos recursos não são ilimitados. Todos querem mais salário,
mais emprego, mais habitação, mais tudo... É verdade que há muito para fazer e
para melhorar nos sectores da Saúde e da Educação, da Justiça e da Segurança, bem
como em todos os sectores da nossa Sociedade. Porém, parece haver um egoismo
corporativo e faltar uma ideia mobilizadora para os portugueses, semelhante à
famosa expressão de John Kennedy: “Não perguntem o que é que o vosso país pode
fazer por vocês, perguntem o que é que vocês podem fazer pelo vosso país”.
O jornal Le
Monde destacava como manchete na sua edição de ontem que “La crise du
logement s’installe dans toute l’Europe” e acrescentava que “da Suécia à Espanha,
passando pelos Países Baixos e pela Grécia, as classes médias têm cada vez mais
dificuldade em encontrar habitação nos centros das grandes cidades. A
construção é insuficiente e o excesso de turismo acentuaram a escassez,
enquanto os preços permanecem elevados”. A Habitação é, portanto, um problema
europeu e não especificamente português, mas isso não travou os demagogos que
não se cansaram de repetir promessas de “uma casa para todos” durante a
campanha eleitoral.