A competição
olímpica dá visibilidade a cada um dos países participantes e, para os mais
pequenos, é um factor de afirmação da identidade nacional e de prestígio
internacional, mas também um sinal de resistência aos atropelos por que vai
passando o ideal olímpico. A maioria desses países participa nas Olimpíadas
apenas pela vontade de se mostrar ao mundo e sem que os resultados desportivos
ou as medalhas sejam o seu objectivo principal, isto é, segue o lema do Barão
Pierre de Coubertin - “O importante não é vencer mas competir… com dignidade".
Porém, por vezes
acontecem excepções, como aconteceu agora em Paris com a participação do atleta
cabo-verdiano David de Pina, que se tornou o primeiro atleta do seu país a
ganhar uma medalha olímpica. Aconteceu no boxe na categoria de menos de 51
kilos, em que venceu um tailandês e um zambiano, mas perdeu nas meias-finais
com um uzbeque que fora campeão olímpico em 2016. Ficou com a medalha de bronze
e tornou-se o primeiro medalhado cabo-verdiano em Jogos Olímpicos.
David de Pina
vive em Portugal desde há vários anos e, há poucos meses, viu-se forçado a
deixar de treinar para trabalhar na construção civil, “porque a bolsa que
recebe todos os meses é insuficiente para ser atleta e sustentar a família”.
Voltou a dedicar-se ao boxe a tempo de competir em Paris e protagonizar este
“feito histórico”, fruto de “muito trabalho, dedicação e sacrifício”, como se
lhe referiu a Embaixada de Cabo Verde em Portugal.
O semanário Expresso
das Ilhas, que se publica na cidade da Praia, dedicou-lhe a sua
primeira página na edição de hoje e, porque “a nação cabo-verdiana está em
festa”, a Embaixada de Cabo Verde em Portugal “convida todos os cabo-verdianos
a acolher o jovem herói cabo-verdiano David de Pina no aeroporto de Lisboa no
dia 12 de Agosto, pelas 22:30, com ‘a morabeza de sempre’ dos cabo-verdianos.
Um grande aplauso para David de Pina.