segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Israel-Síria-Irão: uma complexa equação

Depois da derrota do Daesh parecia que a guerra na Síria estava em vias de se encontrar uma solução de paz que tivesse o acordo dos diversos interesses presentes na região, não só sírios, mas também iraquianos, iranianos, turcos, libaneses e israelitas, além de russos e americanos.
Porém, na passada sexta-feira um helicóptero israelita abateu um drone que voava no espaço aéreo de Israel e que supostamente era iraniano. O caso tornou-se um pretexto para uma acção de retaliação e, como resposta, a força aérea israelita realizou uma acção contra o local de onde teria sido lançado o drone e onde estariam estacionadas forças iranianas e do Hezbollah libanês que apoiam o regime sírio de Bashar al-Assad. Nessa acção foi atingido um avião F16 israelita que se veio a despenhar já dentro do território de Israel, o que permitiu a recolha dos pilotos, embora um deles tivesse ficado gravemente ferido. Como resposta, foi lançada uma segunda onda de ataques aéreos israelitas contra doze alvos em território sírio, incluindo três baterias antiaéreas. Algumas horas depois, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques contra a Síria representaram um duro golpe para o Irão e para as forças do regime sírio, ameaçando que seriam para continuar se necessário fosse.
Entretanto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a alarmante escalada militar na Síria e os seus perigosos efeitos secundários nas fronteiras, pedindo a imediata redução das tensões na região. Vários jornais internacionais, caso do Libération, noticiaram estes preocupantes acontecimentos e a subida da tensão na região. Foi a primeira vez, desde que em 2011 começou a guerra na Síria, que Israel declarou ter visado alvos iranianos em território sírio, parecendo apostado em contrariar qualquer hipótese dos interesses da República Islâmica do Irão, aliados de Bashar El-Assad, se instalarem próximo das suas fronteiras. Não há certezas quanto à forma como as coisas se passaram, mas há que desconfiar do que dizem as duas partes.