quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Timor evoca a chegada dos portugueses

O jornal semanal timorense Matadalan que se publica em tétum na cidade de Dili, anuncia na sua última edição hoje divulgada, que o Estado timorense vai comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses à ilha de Timor. De facto, desde Julho de 2015 que está constituída uma comissão organizadora presidida por Dionísio Babo Soares, que tem por missão a organização das Comemorações dos 500 Anos da Afirmação da Nova Identidade Timorense, devendo as cerimónias oficiais decorrer na Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno no dia 28 de Novembro de 2015, que é o dia da proclamação da independência nacional em 1975.
É no enclave do Oe-Cusse que se situa a povoação de Lifau, que foi o ponto onde os portugueses terão desembarcado pela primeira vez no dia 18 de Agosto de 1515, conforme está assinalado num obelisco que existe em Lifau e resistiu aos 25 anos de ocupação indonésia, que o jornal Matadalan reproduziu na sua primeira página. As autoridades timorenses pretendem assinalar a longa caminhada histórica de Timor-Leste na construção da sua identidade nacional, marcada pelo primeiro contacto com os portugueses há 500 anos e, ao mesmo tempo, promover um sentimento de unidade nacional num território repartido por muitos reinos, muitos grupos etno-linguísticos e muitas mestiçagens culturais, sendo de salientar que a memória da chegada dos portugueses a Timor, seja um contributo tão importante para a afirmação da unidade nacional do país.

Um enorme bando de papagaios escribas

O resultado das eleições de 4 de Outubro traduziu-se numa meia vitória do governo, porque embora tivesse obtido o maior número de votos, perdeu a maioria absoluta. Agora, se quiser governar, a ex-maioria constituida por PSD+CDS tem que perder a sua arrogância, negociar, ceder e, provavelmente, até tem que pedir desculpas pelos repetidos insultos que fez ao líder do PS, especialmente esse tal Portas, um valentão que se destacou pela sua demagogia, populismo e agressividade verbal. Ontem, os dois parceiros da ex-maioria foram a correr assinar um acordo político de governo, que não é mais do que uma bóia de salvação para esse grupúsculo de pequenos políticos chamado CDS, que se tornou numa lapa ou numa sanguessuga para o PSD.
Durante a campanha eleitoral, com a descarada cumplicidade de muitos jornalistas, o PS teve que explicar o seu programa, sem que o governo fosse denunciado pelos resultados desastrosos das suas políticas, nem pelo facto de não ter sequer apresentado um programa eleitoral. Agora que a ex-maioria precisa totalmente do PS, os mesmos jornalistas voltam a pressionar o PS para se acomodar aos diktats da ex-maioria, sem perceberem que é a ex-maioria que tem de se acomodar ao programa do PS. É o jornalismo que temos, feito por autênticos papagaios sem ética nem deontologia profissional, muitos deles com assento na televisão, que se repetem, repetem, repetem!
Porém, não será o homem de Boliqueime nem os jornalistas que escolherão a solução de governo para o nosso país. Essa tarefa caberá aos partidos com assento parlamentar e aos deputados eleitos. Acontece que, como tem sido repetidamente dito, os votos dos portugueses expressaram outras hipóteses de maioria, tendo havido 62% de eleitores que rejeitaram a aliança PSD+CDS. Por isso, como não há deputados de primeira e deputados de segunda, há várias maiorias possíveis resultantes da vontade dos deputados portugueses, que foram escolhidos por eleitores portugueses. Por isso, já temos o PCP a anunciar a sua disposição para dar expressão institucional à "vontade de mudança" manifestada pelos portugueses nas últimas eleições e o BE a reclamar uma aliança de governo à esquerda. É realmente uma grande embrulhada como salienta hoje a revista Visão, mas que certamente vai ser resolvida com a ponderação que as circunstâncias aconselham. A Democracia vencerá. Abaixo os papagaios que escrevem e falam.