A Assembleia
Geral da PT SGPS decidiu vender a PT Portugal à Altice, um fundo de
investimento com sede no Luxemburgo que é maioritariamente detido por franceses
e que, aparentemente, se dedica a compras e vendas no sector das
telecomunicações. A edição de ontem do Jornal de Negócios destaca essa
notícia que se traduz na saída de Portugal de mais um centro de decisão.
O facto serve
para nos avivar a memória do que tem sido a delapidação do nosso património
empresarial, nuns casos pela sua incapacidade de sobrevivência num mercado
internacional muito competitivo, noutros casos pela incompetência e leviandade com
que foi gerido e noutros casos, ainda, apenas por decisão ideológica de privatizar
as empresas estatais. Ainda há poucos anos os portugueses se orgulhavam de
algumas empresas portuguesas com prestígio internacional e se estimulava o
aparecimento de “campeões nacionais”, isto é, empresas que pelo seu impacto nos
mercados interno e internacional podiam ser vistas como referenciais no
desempenho económico, na qualidade da gestão, na investigação científica e
tecnológica, na inovação e na reputação dos seus produtos ou serviços. Porém,
os ventos começaram a soprar de outra direcção e não se pensou mais nos
“campeões nacionais”. Por necessidade financeira ou por opção ideológica, o governo
português entrou numa onda de privatizações e de abertura ao capital privado estrangeiro
mais ou menos especulativo, assunto que nunca foi bem explicado e que tanto nos
subalterniza. Um dia assistimos ao “desaparecimento” da Cimpor, que foi privatizada e se tornou brasileira; no outro vimos a “espanholização” do Banco Totta. A coisa não parou. Nos
anos mais recentes instalou-se uma onda privatizadora em Portugal e lá se foi a
EDP para os chineses da Three Gorges,
a REN também para os chineses da
State Grid of China e a ANA para os
franceses da Vinci. Os CTT foram
comprados por um sindicato internacional onde pontificam os americanos da
Goldman Sachs e o Deustche Bank, enquanto a Caixa Seguros (Fidelidade) foi comprada pelos chineses da Fosun. É
demais.
Não há nada que justifique esta delapidação do nosso património
empresarial e a venda dos nossos anéis. E
se essa venda não é ilegal, é certamente ilegítima.