Entre as
novidades que nos últimos dias preencheram os nossos noticiários destacou-se
a informação de que os “grandes bancos lucram quase 12 milhões por dia em
2023”, que serviu de título à edição de ontem do Diário de Notícias.
Segundo foi divulgado, os seis maiores bancos a operar em Portugal – CGD, BPI,
Millennium BCP, Montepio, Novobanco e Santander – tiveram lucros de 4,33 mil
milhões de euros, o que significa um aumento de cerca de 69% em relação ao ano
anterior, com a CGD que é o banco do Estado, a ultrapassar tudo e todos com um
lucro de 1,29 mil milhões de euros. É difícil de entender, em tempos de tanta
incerteza interna e internacional, como é possível este “assalto” aos
depositantes, patrocinado pelo BCE, pelo BP e, naturalmente, pelo governo da
República.
Os valores que
têm sido apresentados como um exemplo de excelência na gestão, não são mais do
que um escandaloso exemplo de extorsão, porque assentam na prática de uma
margem financeira – diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os
juros pagos nos depósitos – que permitiu que, só com essa injusta prática,
aqueles bancos encaixassem 9,68 mil milhões de euros. Porém, o “assalto” aos
depositantes tem outras vertentes, de que se destaca a escandalosa prática da
cobrança de despesas de manutenção das contas bancárias.
Ao anunciar estes
resultados pudemos ouvir um gestor a dizer-se orgulhoso com este escândalo, em
que os bancos se enchem à custa de quem precisa de crédito para habitação, para
compra de carro, para uma intervenção cirúrgica ou para estudar.
Vem-nos à memória
o Poemarma escrito em 1964 por Manuel
Alegre:
Que o
poema assalte esta desordem ordenada
Que
chegue ao banco e grite: abaixo a pança!