domingo, 17 de março de 2024

Os lucros escandalosos da banca lusitana

Entre as novidades que nos últimos dias preencheram os nossos noticiários destacou-se a informação de que os “grandes bancos lucram quase 12 milhões por dia em 2023”, que serviu de título à edição de ontem do Diário de Notícias. Segundo foi divulgado, os seis maiores bancos a operar em Portugal – CGD, BPI, Millennium BCP, Montepio, Novobanco e Santander – tiveram lucros de 4,33 mil milhões de euros, o que significa um aumento de cerca de 69% em relação ao ano anterior, com a CGD que é o banco do Estado, a ultrapassar tudo e todos com um lucro de 1,29 mil milhões de euros. É difícil de entender, em tempos de tanta incerteza interna e internacional, como é possível este “assalto” aos depositantes, patrocinado pelo BCE, pelo BP e, naturalmente, pelo governo da República.
Os valores que têm sido apresentados como um exemplo de excelência na gestão, não são mais do que um escandaloso exemplo de extorsão, porque assentam na prática de uma margem financeira – diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – que permitiu que, só com essa injusta prática, aqueles bancos encaixassem 9,68 mil milhões de euros. Porém, o “assalto” aos depositantes tem outras vertentes, de que se destaca a escandalosa prática da cobrança de despesas de manutenção das contas bancárias.
Ao anunciar estes resultados pudemos ouvir um gestor a dizer-se orgulhoso com este escândalo, em que os bancos se enchem à custa de quem precisa de crédito para habitação, para compra de carro, para uma intervenção cirúrgica ou para estudar.
Vem-nos à memória o Poemarma escrito em 1964 por Manuel Alegre:
                    Que o poema assalte esta desordem ordenada
                    Que chegue ao banco e grite: abaixo a pança!