domingo, 30 de dezembro de 2018

Greves, protagonismos e acção política

O actual governo, que foi constituído através de uma coligação que acabou com aquela coisa sectária e anti-democrática que era o arco da governação, já está em funções há mais de três anos e nunca precisou de orçamentos rectificativos para manter o equilíbrio das Finanças Públicas, nem para reduzir o défice público e recuperar o rendimento dos trabalhadores ou para criar as condições de confiança necessárias à criação de emprego.
Enquanto alguns países da Europa vivem situações de grande instabilidade política e social, neste canto ocidental da Europa parecia reinar a calma, a harmonia e o progresso. Costa e Marcelo pareciam um dupla feliz.
Porém, como vamos ter eleições em 2019, os partidos, os sindicatos e outras forças sociais começaram a perder a cabeça e a criar uma das maiores crises da história da democracia portuguesa, recorrendo a inúmeras greves que não são feitas contra o patrão explorador na lógica sindicalista, mas apenas numa lógica do bota-abaixismo contra o governo, que representa o Estado ou que somos todos nós. Os directórios partidários e sindicais não olham a meios para atingir os seus fins e decidiram que vale tudo. Querem poder. Então, temos enfermeiros, professores, bombeiros, guardas prisionais, juízes, funcionários judiciais, tecnicos de diagnóstico e por aí adiante, a mostrar ter mais olhos que barriga e a revelar que têm uma ganância e um egoísmo ilimitados, tornando-se facilmente instrumentalizados para estas situações. Querem dinheiro.
Aí temos uma aliança entre os que querem poder e e os que querem dinheiro, em que esquerdas e direitas se aliam. Há motivos para alarme quando a paz social é perturbada por protagonistas como Jaime Marta Soares, António Ventinhas, Ana Rita Cavaco, Mário Nogeira, Arménio Carlos e outros dirigentes, que tudo põem em risco por causa dos seus interesses pessoais, corporativos ou eleitorais. Há motivos para alarme quando os grevistas são pagos por fundos anónimos. Há motivos para alarme quando são os utentes dos serviços públicos os mais prejudicados com as greves. Há motivos para alarme quando as hostes fundamentalistas da Cristas se aliam a tudo o que mexe contra o governo, inclusive aos coletes amarelos portugueses. Naturalmente, o governo terá que dar respostas a esta gente, uns com razão e outros sem razão, esperando-se que não decida ir até Belém para entalar muita gente e entregar as soluções ao voto do povo.