quinta-feira, 29 de junho de 2023

Fotografias felizes que são notícia

Os meios de comunicação social tradicionais – imprensa, rádio e televisão – concorrem entre si para conquistar leitores, ouvintes ou telespectadores. Para fazerem melhor jornalismo e terem a preferência do público, esses meios, ou mass media, apostam nas “notícias exclusivas”, nas “notícias em primeira mão” e nas "imagens únicas", até porque no âmbito da rivalidade que sustentam entre si e da própria concorrência comercial, cada um deles pretende chegar, relatar ou mostrar antes do seu concorrente. Por isso, mesmo quando reportam o mesmo acontecimento, cada um dos mass media procura utilizar manchetes e imagens diferentes dos seus concorrentes, para chamar a atenção, suscitar o interesse e levar à vontade de aquisição. Portanto, não é habitual que dois jornais publiquem exactamente a mesma fotografia para ilustrar a capa das suas edições e, quando acontece, é interpretado como um sinal de menor qualidade do jornal e dos seus profissionais.
Hoje acontece que a generalidade dos jornais ingleses publica exactamente a mesma fotografia, mas não é da crise na Rússia, nem da guerra da Ucrânia, nem dos incêndios do Canadá, ou até da crise no NHS, que parece ser bem pior do que a do nosso SNS. A fotografia que hoje "toda a Inglaterra viu", foi captada durante uma partida de cricket, quando um manifestante do grupo activista ambiental Just Stop Oil invadiu o campo e foi bloqueado por Jonny Bairstow, uma das mais famosas estrelas inglesas do cricket, que simplesmente o pegou pela cintura e o levou para fora do campo. Essa mesma fotografia, aliás excelente exemplo de fotojornalismo, ilustrou as capas do jornal The Times, mas também dos jornais The Guardian, The Daily Telegraph, The Independent e The Daily Express.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Putin, Prigozhin e o "motim de Rostov"

Durante dois dias, ou mais, não se falou noutra coisa e as televisões exibiram dezenas de comentadores com as mais diversas explicações sobre o que se estava a passar nos territórios ocidentais da Federação Russa, tendo o jornal New York Post anunciado que “a guerra chegou às portas de Putin”.
Yrvgeny Prigozhin, é uma figura sinistra que controla uma empresa privada de mercenários que usa o nome de Grupo Wagner e, muitas vezes, os homens de Prigozhin foram contratados nas prisões russas. Prigozhin desafiou os poderes de Vladimir Putin e, depois de tomar o quartel-general russo em Rostov “sem disparar um único tiro”, decidiu avançar com uma coluna militar sobre Moscovo, chamando-lhe a “marcha pela justiça”, com o objectivo de enfrentar o comando militar russo e a própria presidência. O mundo ficou suspenso sobre o que se estava a passar na maior potência nuclear do planeta e que está envolvida numa guerra na Ucrânia, que já vai longa. Putin acusou os revoltosos de traição, mas não ordenou que os seus aviões bombardeassem a coluna de Prigozhin, enquanto este foi declarando querer evitar o derramamento de sangue.
Ao fim de poucas horas, devido à intervenção mediadora do presidente bielo-russo Aleksander Lukashenko, a coluna de Prigozhin decidiu suspender a sua viagem e retroceder, sendo depois anunciados alguns dos termos das negociações que incluiam o “exílio” do líder do Grupo Wagner na Bielo-Rússia.
Mesmo sem saberem exactamente o que se passava, os inúmeros comentadores portugueses e internacionais muito discutiram se Putin ficou mais fraco ou mais forte, ou se esta situação favorecia ou não a contraofensiva ucraniana. Não ouvi os comentadores falarem da paz. Aqui, porque sabemos pouco, limitamo-nos a salientar que este “motim de Rostov”, tal como o assalto ao Capitólio de 6 de Janeiro de 2021, são episódios sempre preocupantes, sobretudo quando acontecem nas grandes potências com capacidade nuclear. 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Angra em festa com as Sanjoaninas 2023!

A cultura popular açoriana é muito diversificada e tem raízes de várias origens geográficas, o que confere a cada uma das nove ilhas do arquipélago uma identidade distinta, com as suas práticas culturais específicas, que são observáveis nas festividades religiosas e em especial no culto do Divino Espírito Santo, na paisagem rural, nas tradições, na música popular, na gastronomia e em muitos outros aspectos do quotidiano. Porém, neste panorama cultural riquíssimo destaca-se a ilha Terceira, onde para além da sua singular carga histórica, existe uma enorme atração pela participação em festas. Há mesmo uma frase irónica que afirma que o arquipélago dos Açores é constituído por oito ilhas e mais um parque de diversões, que é a ilha Terceira.
São da ilha Terceira os bailinhos de Carnaval, as marchas populares, as touradas à corda e inúmeras festas de cariz religioso e profano que se realizam por toda a ilha, com destaque para as famosas Sanjoaninas, a festa maior da cidade de Angra do Heroísmo.
Neste ano de 2023 as Sanjoaninas realizam-se de 22 de Junho a 2 de Julho e, durante os onze dias de festa, há de tudo um pouco, mas destacamos aqui os cinco desfiles de marchas – dos adultos, das crianças, dos grupos etnográficos, das freguesias e das filarmónicas – com a informação de que no desfile das marchas dos adultos, que se realiza no dia 23, tomam parte 35 grupos com muitas centenas de marchantes alegres e divertidos. 
É notável esta enorme participação popular e, por isso, o nosso aplauso às Sanjoaninas 2023 e à bela cidade de Angra do Heroísmo.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Cristiano Ronaldo: 200 jogos, 123 golos!

Cristiano Ronaldo fez ontem o seu 200º jogo pela selecção nacional de futebol e marcou o seu 123º golo. Num jogo triste e desinteressante disputado em Reykjavik, esses dois patamares, um de presenças na selecção e outro de golos marcados, são únicos no mundo do futebol e têm lugar no Guinness World Records, o antigo Guinness Book of Records.
Muitos não acreditavam que aos 38 anos de idade e sem a destreza física que o tornou famoso no mundo do futebol, ele fosse escolhido para integrar a selecção nacional, mas o facto é que foi ele que, mesmo ao findar do jogo, conseguiu fazer o remate que deu a magra vitória a Portugal com um solitário golo.
Alguns jornais portugueses destacaram os feitos de Ronaldo em Reykjavik, sobretudo o seu 200º jogo e o seu 123º golo, mas foi o Morgunbladid, o maior jornal islandês que publicou uma fotografia de Cristiano Ronaldo a toda a largura da sua primeira página, com a legenda que o Google nos ajudou a traduzir, que dizia: “Ronaldo está feliz por marcar o golo da vitória na sua 200ª partida internacional”.
Ou porque já esqueceram o que o nome de Ronaldo tem significado único para o prestígio de Portugal, ou porque se distraíram, ou porque “são pobres e mal agradecidos”, o facto é que alguns jornais de referência portugueses apenas publicaram uma pequena nota noticiosa a propósito do feito de Ronaldo.
O Cristiano Ronaldo merecia mais de A Bola, do Público e do Diário de Notícias.

terça-feira, 20 de junho de 2023

EUA e RPC: cooperação ou conflito?

No quadro internacional que actualmente se vive, em que para além dos desastres naturais, se sucedem provocações, ameaças, tensões e o rearmamento em larga escala de muitos países, o encontro havido ontem em Pequim entre o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken e o presidente chinês Xi Jinping, é um dos mais importantes acontecimentos do ano. Estão em causa a hegemonia e a liderança mundial, bem como diversas situações que têm contribuído para a tensão entre as duas maiores economias do mundo, sobretudo em relação a Taiwan, mas também a respeito das reividicações chinesas sobre o mar do Sul da China, da rivalidade tecnológica, do comércio e das práticas dos gigantes digitais chineses. Naturalmente, o conflito na Ucrânia também esteve na ordem do dia.
Desde 2018 que as duas superpotências não se reuniam e fizeram-no agora para melhorar as suas relações bilaterais e escolher entre a cooperação e o conflitoDa leitura da imprensa ressaltam poucas declarações sobre esta cimeira sino-americana, pois Xi Jinping apenas disse que se “fizeram progressos” durante o encontro e Blinken afirmou que “a China renovou a promessa de não fornecer armas à Rússia”. Significa que o diálogo entre Blinken e Xi Jinping não resolveu nenhum dos assuntos em que divergem, mas aliviou a tensão entre chineses e americanos. Sobre a problemática ucraniana que terá sido um importante tema de discussão, a China afirmou-se neutra e defensora de uma paz justa, mas nunca condenou a invasão russa da Ucrânia.
O jornal chinês Shanghai Daily destaca o encontro com uma fotografia a toda a largura da primeira página e salienta a vontade de Xi Jinping em estabelecer laços estáveis com os Estados Unidos.

domingo, 18 de junho de 2023

Africanos dizem que a guerra deve acabar

O semanário Sunday Times que, desde há mais de cem anos se publica ao domingo na cidade de Joanesburgo, destaca na sua edição de hoje a missão que o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e os líderes do Senegal, Comores, Zâmbia, Egipto, República do Congo e Uganda levaram a cabo em Kiev e São Petersburgo, em busca da paz na Ucrânia. 
Aqueles dirigentes africanos encontraram-se com Volodymyr Zelensky e com Vladimir Putin e assentaram a sua argumentação para acabar com a guerra no princípio de que “todas as guerras devem ser resolvidas e terminadas em algum momento e estamos aqui para informar que gostaríamos que esta guerra terminasse”. Estes sete dirigentes apresentaram e discutiram um plano de dez pontos a que chamaram iniciativa de paz africana que, aparentemente, foi recusado, embora Ramaphosa tivesse insistido com clareza que “this war must end”, porque os países africanos e o mundo estão a ser muito afectados pela guerra. Esse foi o título escolhido pelo semanário sul-africano para noticiar a iniciativa de Ramaphosa.
Desta deslocação a Kiev e São Petersburgo não resultou nenhum acordo para acabar com a guerra e as partes insistiram nos seus habituais argumentos, embora o presidente Ramaphosa tivesse mostrado sinais de algum optimismo, porque da semente lançada é de esperar que nasça qualquer coisa. No entanto, os combates estão muito intensos e as posições estão tão radicalizadas que só a proximidade das eleições presidenciais americanas de 2024, ou acontecimentos políticos importantes como a actual visita de Antony Blinken à China, parecem capazes de levar ucranianos e russos a sentar-se à mesa de negociações como deseja a iniciativa de paz africana, o secretário-geral das Nações Unidas, o Papa Francisco e muito mais gente. Há que confiar que a força da diplomacia supere a força das armas.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Tragédias humanas no mar Mediterrâneo

A imprensa dos países do sul da Europa deu hoje grande destaque ao naufrágio nas costas gregas de um navio de pesca que saíra da Líbia e se dirigia para a Itália com migrantes, de que terão resultado seis centenas de mortes. O jornal francês L’Humanité foi um desses jornais e em título de primeira página escreveu que “eles deixaram-nos morrer”, referindo que algumas ONG acusaram as autoridades e a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira, vulgarmente conhecida por Frontex, por não terem providenciado socorros em tempo útil.
Nesta altura, há poucas informações sobre o navio e os passageiros, bem como sobre o que realmente se passou, mas as notícias referem que se tratou de mais uma operação preparada por organizações criminosas que transportam migrantes para a Europa. O navio tinha entre 25 a 30 metros de comprimento e transportava cerca de 750 passageiros, mas algumas notícias dizem que encalhou e outras dizem que se afundou a 47 milhas das costas gregas. Uma fotografia captada por um helicóptero da Frontex, que foi publicada em muitos jornais, mostra o convés do navio cheio de gente, havendo relatos de que o interior do navio também estava cheio, sabendo-se que é comum isolar e fechar esses passageiros para poderem ser controlados durante a viagem. Naturalmente, nenhum passageiro dispunha de coletes de salvação.
As autoridades gregas afirmaram ter recuperado 79 corpos e resgatado cerca de uma centena de pessoas, mas desconhece-se o paradeiro de cerca de seis centenas de pessoas. Independentemente deste drama humanitário e desta polémica sobre o que poderia ou não ter sido feito, esta tragédia mostra como são poderosas as redes de tráfico e como a União Europeia e os seus dirigentes se mostram impotentes para tratar deste grave problema humanitário.

A paz chegou finalmente a Moçambique

A República Popular de Moçambique tornou-se independente depois de uma guerra de libertação nacional iniciada em 1964 e que se prolongou até ao dia 7 de Setembro de 1974, quando o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) assinaram os Acordos de Lusaka. Nesses acordos, o Estado Português reconheceu o direito à independência do povo moçambicano, tendo sido estabelecidos os passos relativos à transferência da soberania, que foi solenemente proclamada no dia 25 de Junho de 1975. 
A Frelimo, que tinha conduzido a luta armada contra a administração colonial portuguesa, assumiu todos os poderes soberanos, mas em 1977 surgiu a contestação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), um grupo político que contestava o poder absoluto da Frelimo. A contestação deu origem ao confronto que se generalizou e se transformou na guerra civil moçambicana, ou guerra dos Dezasseis Anos, na qual se envolveram vários países vizinhos e na qual se estima terem morrido cerca de um milhão de pessoas, devido a causas directas e indirectas da guerra. O conflito foi muito violento e apenas terminou em 1992 com a assinatura de um Acordo Geral de Paz, assinado por Joaquim Chissano, presidente da República Popular de Moçambique, e por Afonso Dhlakama, o então presidente da Renamo. Em 1994 realizaram-se eleições gerais multipartidárias, mas os enormes problemas que o país atravessava, incluindo a crise económica e a fome, a desorganização administrativa, o apoio aos deficientes que a guerra provocara, a proliferação de minas terrestres em muitas zonas do país e, por vezes, alguma falta de vontade política das partes, fizeram com que o Acordo Geral de Paz tivesse demorado quase trinta anos a concretizar-se plenamente. Segundo a edição de hoje do jornal O País, foi encerrada a última base da Renamo e os seus últimos 347 militares passaram ontem, oficialmente, à vida civil, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.
Demorou muito tempo, mas a paz chegou a Moçambique. Finalmente!

terça-feira, 13 de junho de 2023

A luta política e a lógica do “vale tudo”

A comunicação social tem dado grande destaque à acusação formal contra Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos, pela prática de 37 crimes relacionados com os documentos confidenciais que, depois de ter deixado a Casa Branca, levou para a sua residência de Mar-a-Lago, na Florida. Ontem, o jornal New York Post assumiu posições em defesa de Trump e tratou de perguntar “what about the Bidens?”, referindo-se a Hunder Biden, o filho do presidente Joe Biden, contra o qual há suspeitas de ser viciado em drogas e ter desenvolvido negócios ilegais na Ucrânia e na China. Independentemente destes casos que os jornais divulgam, que podem configurar ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos, estas notícias relacionam-se com a luta política entre Democratas e Republicanos e com as próximas eleições presidenciais, nas quais há fortes probabilidades de Biden e Trump se reencontrarem depois da sua disputa eleitoral de 2020. Porém, estes casos de luta política levada ao mais alto plano nacional sempre acontecem nos países democráticos, onde "vale tudo" para derrotar os adversários políticos, parecendo que nos anos mais recentes essa lógica se tem acentuado.
São muitos os exemplos que nos chegam, mas destaquemos apenas alguns que nos estão mais próximos, casos do Brasil, da França e da Escócia. No Brasil aconteceu em 2019 a prisão durante 580 dias do ex-presidente Lula da Silva e, agora, estão sob investigação alguns comportamentos políticos de Jair Bolsonaro, incluindo os crimes de terrorismo, associação criminosa, golpe de estado e abolição violenta do estado de direito democrático. Em França, foi o antigo presidente Nicolas Sarkozy que foi condenado a três anos de prisão, por corrupção e tráfico de influências. Na República Checa o ex-primeiro-ministro Petr Necas foi condenado a dois anos e meio de prisão por corrupção. Da Escócia chega-nos a notícia que a ex-primeira-ministra Nicole Sturgeon esteve detida durante algumas horas a fim de ser interrogada numa investigação sobre o financiamento do SNP, o seu partido. Todos estes casos são diferentes, mas cada um deles mostra como os tempos têm mudado em relação às lutas políticas, bem como à percepção que as comunidades - moldadas mediaticamente - têm dos seus políticos, das suas actividades e dos seus comportamentos.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

The best of all time... é Novak Djokovic

O tenista sérvio Novak Djokovic triunfou ontem sobre o norueguês Casper Ruud na final do Torneio de Roland-Garros e tornou-se o recordista masculino de títulos do Grand Slam (Australian Open/Melbourne, Roland-Garros/Paris, Wimbledon/Londres e US Open/Nova Iorque). Foi o 23º título de Novak Djokovic que, aos 36 anos de idade, se afirmou como o maior tenista de todos os tempos, com triunfos em Melbourne (10 vezes), Londres (7 vezes), Paris (3 vezes) e Nova Iorque (3 vezes), superando os registos do espanhol Rafael Nadal (22 títulos) e do suiço Roger Federer (20 títulos). É um feito desportivo verdadeiramente notável!
O ténis é um desporto de elite e goza de larga cobertura pela comunicação social, pelo que o sucesso de Djokovic foi noticiado um pouco por todo o mundo, tendo muitos jornais publicado a sua fotografia estendido no court com destaque de primeira página, como aconteceu em Portugal com o jornal Público e em Nova Iorque com o The Wall Street Journal.
Aqui registo o meu aplauso a este atleta de eleição até porque, por razões naturais, irão decorrer muitos anos até que um qualquer Carlos Alcaraz possa aproximar-se dos resultados desportivos conseguidos por Novak Djokovic, de quem se diz ter tanto de talento como de mau feitio.

domingo, 11 de junho de 2023

Uma bela notícia que chega da Colômbia

Numa altura em que se acentua um grande desinteresse pelos espaços e pelos conteúdos mediáticos que, tanto no plano interno como no plano internacional, são muitas vezes dominados por fake news e manipulados por opiniões e comentários apresentados como factos reais, por vezes até aparecem notícias, isto é, relatos de acontecimentos verdadeiros. 
Foi o caso da notícia que teve um enorme impacto mundial, informando que haviam sido encontrados com vida, as quatro crianças que viajavam num avião Cessna 206 da companhia colombiana Avianline Charter’s que no dia 1 de Maio desaparecera na selva amazónica colombiana, nas áreas de Guaviare e Caquetá. 
O jornal El Universal, que se publica na cidade de Cartagena das Índias, informava ontem que no pequeno avião seguiam o piloto, dois adultos e quatro irmãos indígenas de apelido Mukutuy - Lesly de 13 anos, Soleiny de 9, Tien de 4 e Cristin de 11 meses. Mal foi conhecido o desaparecimento do avião iniciou-se uma operação em larga escala, com a participação de cerca de 150 militares e mais de cem indígenas conhecedores da região. No dia 15 de Maio foram encontrados os destroços do avião com os corpos dos três adultos no interior, mas não foram encontrados sinais das quatro crianças. Quarenta dias depois do acidente e após uma persistente operação de busca, as quatro crianças que estiveram perdidas na selva foram encontradas com vida, sobrevivendo a uma selva onde chove durante quase todo o dia, que é muito densa, em estado virgem e que é povoada por animais perigosos. Tirando partido dos seus conhecimentos indígenas e sob a liderança de Lesly Mukutuy, as crianças foram protegidas e cuidadas pela irmã mais velha e sobreviveram durante um tão longo período, alimentando-se de farinha que o avião transportava, sementes e frutos silvestres. Estavam desidratadas e com muitas picaduras de insectos quando foram encontradas. 
Por todo o país foi repetida a palavra “milagro” e foi essa palavra que o jornal El Universal escolheu para anunciar o resgate destes quatro novos heróis da Colômbia. Como são estimulantes estas notícias!

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Incêndios continuam a devastar o Canadá

A edição de ontem do jornal Star Tribune que se publica no estado do Minnesota, destaca que cerca de quatro centenas de grandes incêndios florestais estão a afectar o Canadá, desde “a British Columbia à Nova Scotia”, isto é, desde a costa do Pacífico ao Atlântico. É uma vaga de incêndios sem precedentes nos registos históricos canadianos e o referido jornal afirma que “os incêndios florestais canadianos sufocam metade dos Estados Unidos”, com os fumos a atingirem todo o nordeste do país, mas também os distantes estados do Texas e da Florida, cobrindo as cidades de Nova Iorque, Washington e Filadélfia, em cujos aeroportos chegaram a ser suspensas as aterragens. Já arderam mais de quarenta mil quilómetros quadrados de florestas canadianas, uma área maior do que a Bélgica e quase metade da área de Portugal.
O ambiente e os níveis de poluição deterioraram-se e as máscaras faciais características da pandemia do covid-19, que já tinham sido esquecidas, voltaram aos rostos das pessoas, ao mesmo tempo que as escolas encerraram e as aulas foram transferidas para plataformas online.
Os fumos libertados pelos incêndios canadianos atravessaram o oceano Atlântico e chegaram à Noruega. Perante a gravidade da situação, o Canadá pediu a ajuda da União Europeia e, de imediato, Portugal, Espanha e França decidiram enviar um contingente de 280 bombeiros, que se irão juntar aos bombeiros norte-americanos, australianos, neozelandeses e sul-africanos que já estão no Canadá, onde as forças armadas também participam no combate às chamas.
O governo canadiano atribui a actual crise às alterações climáticas, pois a Primavera foi muito quente e seca em quase todo o país, enquanto as previsões meteorológicas para as próximas semanas não são animadoras.
Uma fotografia publicada num jornal nova-iorquino mostrava António Guterres no seu gabinete da sede das Nações Unidas em Nova Iorque, observando o “fumo canadiano” que envolvia a cidade e, certamente, a pensar no mais que poderia fazer na sua luta pela defesa do planeta e do seu ambiente.

Depois do Kerala, monção corre para Goa

A imprensa indiana de referência anuncia hoje que a monção de sudoeste chegou ao estado de Kerala com sete dias de atraso e o jornal The Times of India escreve que a monção chegou “a week after normal date”. A data normal da chegada da monção ao sul da Índia é o dia 1 de Junho, mas este ano estava previsto que chegasse no dia 4. Chegou no dia 8 de Junho por influência das alterações climáticas e do ciclone “Biparjoy”.
Esta monção de sudoeste começa na costa do Kerala nos primeiros dias de Junho e, nos últimos 150 anos, a data em que se iniciou variou muito, sendo a mais antiga no dia 11 de Maio de 1918 e a mais atrasada no dia 18 de Junho de 1972, de acordo com dados oficiais. Apesar dessas datas-limite, antigamente até se adivinhava o dia e a hora a que a monção chegava e começava a chover. Era e continua a ser um dia de grande satisfação para as populações rurais, marcando-lhes o seu ritmo de vida depois de vários meses de seca e de calor.
A monção é a designação dada aos ventos sazonais que ocorrem em grandes áreas costeiras tropicais e subtropicais, designadamente na Índia, devido ao desigual aquecimento atmosférico em terra e no mar. Assim, o ar quente torna-se mais leve e sobe na atmosfera, criando uma depressão atmosférica (baixas pressões), enquanto o ar frio fica relativamente mais pesado e gera um anticiclone (altas pressões). O diferencial destas pressões origina o vento que sopra dos anticiclones para as depressões.
Na estação fria as regiões continentais arrefecem mais rapidamente do que os mares adjacentes que se mantém quentes e o vento sopra da terra para o mar (monção de nordeste), mas na estação quente acontece o fenómeno inverso, isto é, o calor absorvido nas zonas terrestres é mais intenso do que aquele que é absorvido nas águas do mar e o vento sopra do mar para a terra (monção de sudoeste). No subcontinente indiano, devido à localização dos Himalaias, a monção de sudoeste é importante, porque a intensidade da chuva é um sinal de vida, pois transporta a humidade de que carece o meio ambiente e a agricultura.
Este ano a monção está atrasada em Goa, pois tem a chegada prevista para o dia 10 de Junho. Depois, até Setembro, serão quatro meses com chuvas constantes, muitas trovoadas, mau tempo no mar e “catadupas de água”, como se lhe referiu uma geógrafa, embora haja muita gente que prefere os quatro meses de monção do que o calor e o tempo seco dos outros meses.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Agravamento do conflito russo-ucraniano

A guerra na Ucrânia tem-se agravado e os mais recentes acontecimentos mostram que estamos perante mais uma escalada, como hoje anunciava o jornal francês Le Figaro que, com grande destaque, publicou uma fotografia da barragem de Kakhovka no rio Dniepre, que foi destruída e já provocou inundações em mais de duas dezenas de localidades, ameaçando também o fornecimento de água à península da Crimeia. A impressionante fotografia foi publicada na generalidade da imprensa internacional e foi retirada de um vídeo divulgado pelo presidente Volodymyr Zelensky na sua conta Twitter.
A destruição desta barragem na região de Kherson, formalmente ocupada pela Rússia, deu origem a acusações cruzadas entre os regimes de Moscovo e Kiev, com Moscovo a acusar a Ucrânia de “sabotagem” e Kiev a acusar a Rússia de “terrorismo”, com cada um a deles a queixar-se no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os Estados Unidos já afirmaram estar a avaliar qual o país responsável pela destruição da barragem e da central hidroeléctrica de Kakhovka, mas este caso mostra como a percepção da evolução do conflito tem assentado na manipulação da informação, em muitas mentiras e em propaganda, veiculada por ambas as partes. Assim aconteceu, por exemplo, com a destruição dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, ocorridos em Setembro de 2022, em que ainda está por esclarecer a sua autoria.
A ausência de informações independentes e a sistemática confusão entre factos e opiniões, não ajuda nada a perceber a evolução do conflito russo-ucraniano. Há dois dias, aconteceu que a agência MadreMedia/Lusa anunciou às 06.14 horas que “a Rússia diz ter repelido ofensiva em larga escala da Ucrânia” e, às 09.12 horas, a mesma fonte divulgou que “Kiev diz ter repelido todos os ataques nos arredores de Donetsk”. Em que ficamos? O conteúdo das notícias é mais ou menos o mesmo e até parece que apenas foram trocados os nomes dos países.
Porém, no meio de tanta destruição e de tanta informação deturpada e enviesada, o melhor mesmo era que alguém conseguisse que as duas partes parassem e que negociassem uma paz justa e duradoura para não desgraçar mais o povo ucraniano.

terça-feira, 6 de junho de 2023

O maior navio do mundo é o MSC Loreto

O diário EuropaSur que se publica na cidade de Algeciras, na província espanhola de Cádiz, destaca na sua edição de hoje a presença no seu porto do MSC Loreto, o maior portacontentores do mundo, que pertence à Mediterranean Shipping Company (MSC).
O navio tem bandeira de conveniência liberiana, tem 399 metros de comprimento e 60 metros de largura, pelo que “a superfície do seu convés é de cerca de 24.000 metros quadrados, o que equivale a 3,5 campos de futebol”. Foi construído na China pelos Yangzijiang Yangzi Xinfu Shipbuilding, tendo entrado ao serviço em 2023. Na sua primeira viagem para a Europa largou do porto chinês de Ningbo no dia 19 de Abril e depois de Roterdão, Antuérpia e Felixstowe, visitou o porto de Algeciras. 
O navio tem uma tripulação de 25 profissionais altamente qualificados e tem capacidade para transportar 24.346 TEU (Twenty-foot Unit Equivalent), o que aproximadamente significa que o navio pode receber 24.346 contentores de 20 pés de comprimento, por 8 pés de largura e 8 pés de altura.
A imponência do navio despertou a curiosidade pública pelo que as autoridades portuárias de Algeciras organizaram cinco visitas guiadas nas quais 750 pessoas tiveram a oportunidade de visitar demoradamente o navio, com a curiosidade das inscrições para a visita se terem esgotado rapidamente. O MSC Loreto impressiona por tudo, principalmente pelos seus 399 metros de comprimento, pelos 24.346 contentores que pode transportar e, sobretudo, por ter uma tripulação de apenas 25 elementos!

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Novo capítulo nas relações luso-angolanas

O primeiro-ministro português deslocou-se a Angola em visita oficial e, na sua edição de hoje, o Jornal de Angola publica uma extensa entrevista com António Costa, que revela a importância que as autoridades angolanas atribuem à sua visita e à intensificação das relações entre os dois países.
Quase cinquenta anos depois da independência angolana e ultrapassadas muitas das naturais dificuldades de percurso que se seguiram e a que por vezes se chamaram irritantes, os dois países parecem agora apostados numa cooperação mais intensa em diversas áreas, respondendo às aspirações dos portugueses e dos angolanos, mas também às relações históricas, aos interesses económicos e às afinidades culturais bem conhecidas em Lisboa e em Luanda.
O presidente angolano João Lourenço e o primeiro-ministro português António Costa têm mantido contactos desde há vários anos e tiveram o seu primeiro encontro em 2018, no sentido de desbloquear alguns impasses políticos que se arrastavam há alguns anos. Mais recentemente, o presidente angolano visitou Portugal por ocasião da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas e, em Abril deste ano, os dois líderes encontraram-se em Adis Abeba durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana. Tem sido muito referido que “as relações entre os dois países se encontram num momento muito positivo” e esse é um facto muito importante para ambos os países. Hoje foram assinados treze protocolos de cooperação destinados ao reforço das relações bilaterais entre Portugal e Angola, a nível político, económico e cultural.
Esta visita oficial de António Costa parece abrir um novo capítulo na cooperação entre dois países que a história uniu desde o século XV e que  no século XXI têm uma ligação emocional incomum nas modernas relações internacionais.

domingo, 4 de junho de 2023

As brutais tragédias ferroviárias na Índia

Quando em 1947 a Índia se tornou independente, uma das mais apreciadas heranças do património deixado pelo Império Colonial Britânico foi a sua rede de transportes ferroviários, que cobria todo o território do país. Então, tal como agora, muitos milhões de passageiros utilizam diariamente os comboios indianos, uns com carruagens com camas e com lugares marcados, mas outros sem lugares marcados ou sem assentos, onde as pessoas viajam de pé. Viajar de comboio na Índia é uma experiência singular e o passageiro ocidental deve estudar e escolher previamente o comboio em que pretende viajar. A maioria das linhas ferroviárias foram construídas no período colonial e muitas delas não têm recebido o necessário investimento em modernização, daí resultando um registo histórico negativo relativamente à segurança e ao conforto. 
Na passada sexta-feira aconteceu uma catástrofe com o Shalimar-Chennai Coromandel Express que seguia de Bangalore para Calcutá e circulava a 130 quilómetros por hora. Na estação de Bahanaga Bazaar no distrito de Balasore do estado de Odisha, no nordeste do país, aquele comboio colidiu com uma composição de mercadorias que estava parada. Muitas das suas carruagens descarrilaram e tombaram sobre uma linha adjacente, por onde circulava o Expresso Yeshwantpur-Howrah. Foi uma das maiores tragédias ferroviárias da história da Índia e envolveu três comboios. Hoje o diário The Hindu, que se publica em Chennai e tem circulação nacional, destacou aquela tragédia e atribuiu-a a erro humano, ao mesmo tempo que informa que já estão apurados 288 mortos e mais de mil feridos.
Porém, a imprensa indiana também recorda a frequência com que ocorrem acidentes ferroviários da Índia e destaca aquele que aconteceu no dia 6 de Junho de 1981 no estado do Bihar, quando sete carruagens de um comboio que atravessava uma ponte caíram num rio e morreram entre 800 e 1000 pessoas. Com todas estas brutais tragédias é caso para perguntar: guerras para quê?

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Canadá: alterações climáticas e incêndios

No dia 19 de Maio referimos aqui os megaincêndios florestais que estavam a afectar gravemente as províncias canadianas de Alberta, Colúmbia Britânica, Manitoba e Saskatchewan, onde alguns milhares de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas. Hoje, a edição do Journal de Montréal anuncia um “alerte extrême” na província do Québec, pois há cem incêndios activos na região e cerca de 250 mil quebequenses estão sem electricidade, o que significa “uma dura jornada para os bombeiros”. “Nunca tinha sido visto nada assim”, diz o jornal. 
Uma vez mais, as alterações climáticas estão na ordem do dia no Canadá, tal como por todo o nosso planeta, sendo os incêndios florestais um dos fenómenos naturais mais frequentes e de consequências mais trágicas, estando a ameaçar seriamente a província do Québec.
O Québec é a maior das dez províncias do Canadá, tem uma superfície de 1.542.056 km2 (16 vezes maior que Portugal e três vezes maior do que a França!) e é a segunda província mais populosa do Canadá com mais de oito milhões de habitantes. A população é maioritariamente francófona e o francês é a sua língua oficial. A capital é a cidade do Québec, mas a maior cidade é Montreal, que alberga quase metade da população da província e é considerada um líder mundial em pesquisa científica, como mostram os dez Prémio Nobel já recebidos pelos seus investigadores.
A área florestal total da província é estimada em 750.000 km2, cobrindo mais de metade do território. Há uma centena de incêndios activos e esse facto constitui uma grande ameaça, havendo populações evacuadas em muitas áreas mais afectadas.
É tempo das autoridades mundiais voltarem a pensar num dos principais problemas do nosso tempo: as alterações climáticas.

As boas memórias de Portugal em Macau

Depois de três anos em que esteve suspenso devido à epidemia de covid-19, o território de Macau volta a celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Na sua última edição o jornal hoje macau dedica uma extensa reportagem à “hora de Portugal”, ou a “um mês português”, apresentando a programação destas celebrações, que inclui cerca de duas dezenas de iniciativas culturais, com destaque para o cinema, a música e várias exposições, a introdução de um roteiro gastronómico que conta com a participação de onze restaurantes para “comer e beber à portuguesa” e a realização de seminários e conferências dedicados à ciência e à economia. O programa estende-se até ao dia 4 de Setembro, mas tem os seus pontos mais altos no dia 10 de Junho com a tradicional romagem à Gruta de Camões e a recepção à comunidade portuguesa, mas também no dia 17 de Junho em que se realizará um concerto pelo músico português André Sardet.
O Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong e o Cônsul-geral Alexandre Leitão têm dinamizado este programa, a que estão associadas diversas organizações portuguesas ou macaenses, como o Instituto Português do Oriente (IPOR), a Fundação Oriente, a Escola Portuguesa de Macau, o Círculo dos Amigos da Cultura de Macau (CAC) e a Casa de Portugal em Macau, entre outras, assim como muitos elementos da comunidade portuguesa. 
Para quem está longe do país e tem a saudade inscrita no seu quotidiano, estas celebrações são sempre um exercício de boas memórias. Para os portugueses que conheceram e viveram em Macau é, certamente, um motivo de grande satisfação saberem que a cultura e as tradições portuguesas continuam vivas na Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China (RAEM).

quinta-feira, 1 de junho de 2023

A guerra já chegou ao coração da Rússia

A guerra na Ucrânia começou com a invasão russa de 24 de Fevereiro de 2022 e já dura há 462 dias, com muitas mortes, muitos refugiados e muitas destruições. Custa a acreditar como é possível que nenhuma diplomacia consiga parar aquela tragédia! A percepção que temos do que se passa e dos combates que afectam milhões de ucranianos, resulta do que nos é transmitido pela comunicação social interna e internacional, pelos inúmeros comentadores e opinion makers que tanto dizem uma coisa como o seu contrário, daí resultando uma enorme ignorância sobre o que realmente se passa no terreno e sobre as hipóteses de parar com esta desgraça.
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, tendo-se tornado independente em 1991 depois do colapso da União Soviética. Seguiu-se um período de grande instabilidade e tensão entre ucranianos pro-Europa e ucranianos pro-Rússia, até que em 2014 a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e passou a apoiar as forças independentistas pró-russas de alguns territórios do Donbas, que lutavam contra o exército ucraniano e proclamaram as regiões administrativas de Lugansk e Donetsk, como repúblicas populares independentes. Foi nesse contexto que em 2022 foi iniciada a invasão russa da Ucrânia.
Como é natural, há quem apoie a Ucrânia e exija que os russos abandonem os territórios que ocuparam militarmente com a invasão, há quem compreenda que os russos foram provocados e que tinham o dever de proteger as populações ucranianas de etnia russa, mas também há muita gente que aspira a que se chegue a um cessar-fogo e a negociações de paz. Porém, a guerra tende a intensificar-se e as notícias referem cada vez mais soldados, mais armas e mais combates. Não se vê quem esteja em vantagem e todos estão a perder. Agora acentua-se a pressão russa sobre a cidade de Kiev e, numa lógica de “acção e reacção”, a cidade de Moscovo foi alvo de um ataque de drones. Em 15 meses de guerra nunca a capital russa, situada a mil quilómetros das fronteiras ucranianas, tinha sofrido um ataque desta natureza. Um comentador afirmou que “sem dúvida, o ataque de drones de hoje em Moscovo é uma resposta aos 17 ataques com drones e mísseis da Rússia contra Kiev ao longo deste mês”.
A fotografia publicada pelo The Washington Post e muitos outros jornais internacionais mostra os efeitos da explosão de um drone num edifício de Moscovo, um facto que pode significar uma maior escalada na guerra e um maior afastamento da ansiada paz. Como referia um jornal português “a guerra chegou ao coração da Rússia com o ataque de drones a Moscovo”.