domingo, 13 de abril de 2014

Uma bela homenagem ao 25 de Abril

Os grafitti tiveram grande difusão no espaço público português nos tempos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 e foram uma das suas marcas populares mais interessantes do ponto de vista artístico. Embora inicialmente os grafitti resultassem de alguma espontaneidade e até de uma atitude de contravenção, rapidamente se tornaram numa linguagem artística mais apurada e mais protegida, passando a ser considerados como formas de intervenção nos domínios daquilo a que modernamente se chama a arte urbana ou street art.
A propósito das comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril e por iniciativa da  Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH), nos últimos dias foi desenhado, na sua parede exterior da Avenida de Berna em Lisboa, um mural com 15 metros de comprimento alusivo àquela data, cuja peça central é o retrato de Salgueiro Maia – o jovem capitão que comandou a coluna militar que de Santarém veio até Lisboa para depor o governo de Marcelo Caetano. O mural utiliza as cores da bandeira portuguesa a destacarem-se no fundo negro e alguns ícones do 25 de Abril como os cravos, as G3 dos soldados e as manifestações populares.
O convite da FCSH foi feito à Galeria Underdogs e o mural foi concebido e pintado por quatro jovens grafitters – Frederico Draw, Gonçalo Ribeiro, Diogo Machado e Miguel Januário. Foi uma bela ideia que nos transporta ao imaginário cultural de um tempo de libertação e de esperança que os mais velhos viveram e que alerta a geração mais jovem, que não viveu o 25 de Abril, para os seus ideais e os seus valores que alguns teimam em querer apagar da nossa História. Quem passar pela Avenida de Berna não vai ficar indiferente a este mural que é uma bela homenagem ao 25 de Abril.

Uma estátua para o grande Barroso. Já!

Ontem foi um dia de consagração para o actual presidente da Comissão Europeia, que nunca ouvira tão  fartos elogios numa conferência intitulada “Portugal: Rumo ao Crescimento e Emprego. Fundos e Programas Europeus: solidariedade ao serviço da economia portuguesa”, que decorreu em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian. Nós estávamos habituados a eventos de grande qualidade nas instalações da Gulbenkian, sobretudo exposições e concertos, mas desta vez aquele espaço foi utilizado para uma sessão de circo, com alguns artistas de nomeada. O espectáculo serviu, simultaneamente, para alimentar a ambição política do Zé Manel – o regresso do cherne – e para uma acção de campanha eleitoral da coligação que nos governa. Barroso auto-elogiou-se, elogiou Coelho e ouviu elogios de Cavaco: “Posso testemunhar, como poucos, a atenção que o dr. Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país e a valiosa contribuição que deu para encontrar soluções, minorar custos, facilitar apoios e abrir oportunidades de desenvolvimento”. Foi uma bajulação impensável. Não merecíamos tal espectáculo de hipocrisia política!
Barroso tem um longo e bem conhecido historial político. Apoiou a invasão do Iraque com base nas armas de destruição que Sadam Hussein não tinha. Virou-nos as costas para ir para o tacho em Bruxelas. Vergou-se aos alemães e calou-se com o seu esvaziamento de poderes na Comissão Europeia. Alinhou na austeridade que está a abalar os países do sul da Europa. Sabia o que se passava no BPN e diz ter avisado Constâncio, mas promoveu o branqueamento das ligações dos seus amigos a esse mesmo banco. Etc.
Barroso anda agora entusiasmado e atarefado a procurar o seu emprego para o futuro. Usou uma entrevista à SIC e ao Expresso para contrariar a imagem do primeiro-ministro que fugiu para Bruxelas e que esteve do lado dos credores e contra os pensionistas portugueses. Agora organizou a tal conferência-espectáculo, onde se comportou como um intransigente defensor de Portugal e dos portugueses.
Barroso merece nada menos que uma estátua! E porque não uma estátua em cada uma das 28 capitais da União Europeia porque, como Cavaco afirmou, “Portugal e os Portugueses, tal como os outros Estados-Membros, muito lhe devem.”
Só nos faltavam estes cromos...