Há em Portugal um
terrível vício que corrói a Sociedade e o Estado, que destrói a Democracia, que
atrofia o Estado de Direito e que a todos envergonha. É um vício corporizado
por um verdadeiro enxame de abelhinhas nascidas nas juventudes dos partidos
políticos, que vivem embrulhadas na vaidade e na ambição e que tudo fazem para
satisfazer os seus apetites de dinheiro, de influência e de poder. Para essa
gente não existe o interesse público nem o bem comum, pois tudo subordinam ao
seu interesse pessoal ou do seu grupo. Esse terrível vício que abala a
confiança nacional e desmoraliza a população é a promiscuidade entre a Política
e os Negócios, em que muita gente actua numa descarada ou mesmo criminosa confusão
de interesses entre o que é Público e o que é Privado. São milhões, muitos milhões que são apropriados em ruinosos contratos.
Há três anos um
corajoso autarca afirmou que “o centro da corrupção em Portugal tem sido a
Assembleia da República pela presença de deputados que são simultaneamente
administradores de empresas”, dizendo ainda que o Parlamento "parece mais
um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras
públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham
para laboratórios médicos”.
Com a crise que
nos entrou em casa e com a apertada vigilância que os nossos credores
internacionais nos fizeram, era de esperar uma moralização nas práticas
corruptas ou ilegais em que muitos agentes políticos estiveram ou estão envolvidos. Que se
acabasse com esse enxame de abelhas. De resto, esse foi o discurso moralizador que
levou Passos e os seus amigos ao poder. Mas parece que foi só conversa, pois muitos
deputados, secretários de Estado e outros lobos que por aí vegetam, continuam envolvidos
em negociatas com a maior impunidade do mundo, como hoje denuncia o jornal
i.