segunda-feira, 21 de março de 2011

Começou como caixa e encaixou-se!

Um cromo topo de gama, cuja meteórica carreira o levou da caixa de uma agência bancária em Mogadouro, até à administração da Caixa. Encaixou-me a preceito e, na capital, passou pela política até chegar ao capital.
Entrou na política muito cedo e por vocação. Nunca fez outra coisa. Alimentou-se da política. Subiu a escada do sucesso político. Aos 30 anos foi deputado e vice-presidente do seu grupo parlamentar. Depois foi Secretário de Estado e chegou a Ministro. Deslumbrou-se e meteu-se em sarilhos. Teve que se demitir devido a alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara em 1999, mas foi quando abandonou o seu cargo político que viu a sua vida financeira prosperar.
Em Chelas carimbou uma rápida licenciatura, na versão simplex. E progrediu socialmente. No Alentejo comprou uma confortável casinha. E progrediu economicamente.
Já licenciado com um canudo em Relações Internacionais, voltou à Caixa que muito carecia da experiência e do saber do seu antigo caixa. Se como caixa tinha enfrentado a clientela, com a entrada na Caixa passou a fazer parte da clientela.
Saiu com uma licença sem vencimento e com uma promoção ao mais nível. Foi para o BCP, o que lhe rendeu muito mais dinheiro em salários e indemnizações, além de lhe engordar o tempo de reforma. Voltou a meter-se em sarilhos. Emigrou e agora dedica-se aos cimentos.
Tem feito muita coisa ao longo da vida, com muitos tachos, amigos, habilidades, espertezas e falcatruas. Soube sempre encaixar-se muito bem!

Um tiro no escuro?

No dia 19 de Março, aviões franceses e ingleses iniciaram operações de bombardeamento sobre diversas cidades líbias, a fim de destruir blindados e diversas instalações antiaéreas e de comunicações, enquanto navios americanos e britânicos dispararam 124 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos militares do regime líbio. Estas acções resultam da aplicação de uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que autoriza o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea no leste da Líbia, destinada a assegurar a protecção das populações civis dos ataques das forças do regime do coronel Kadhafi. Porém, a acção militar não se tem destinado apenas a impedir que a aviação líbia se movimente porque, de facto, tem obrigado as forças de Kadhafi a recuar no terreno, sobretudo na área de Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Esta acção militar não tem apoios unânimes. A Alemanha não a apoia, a Rússia e a China já se demarcaram dela e a Liga Árabe considera que o que está a acontecer é um ataque maciço e desproporcionado, que ultrapassa o espírito da Resolução da ONU.
Os Estados Unidos e os seus aliados reagem à arrogância, à tirania e às ameaças do regime de Kadhafi, com quem até há pouco conviviam com alguma intimidade, mas a acção militar dos falcões pode ser um tiro no escuro. De facto, este tipo de acções acontece onde há tiranos e petróleo, mas não acontece onde há tiranos sem petróleo. Depois das lições do Iraque e do Afeganistão, será que temos um novo imbróglio, agora aqui bem perto? E o que se passará com os interesses portugueses na Líbia, designadamente com as empresas de construção e os investimentos do BES e da Cabelte?