Desde que se
consolidou o regime democrático em Portugal e o nosso país deixou de estar isolado
e “orgulhosamente só”, os portugueses deixaram de ter o estigma do emigrante
pobre que procurava no estrangeiro aquilo que a sua terra não lhe proporcionava
e passaram a “competir” internacionalmente em várias actividades, atingindo
níveis nunca dantes alcançados. Os portugueses passaram a mostrar que eram tão
capazes como os outros e a ser reconhecidos. Podem citar-se José Saramago e
Cristiano Ronaldo, Paula Rego e Álvaro Siza Vieira e, sobretudo, aqueles que ocupam
posições de grande notoriedade mundial como António Guterres e António Costa, embora
outros nomes pudessem ser mencionados.
Hoje, vários
jornais franceses e italianos, entre os quais o Vosges matin, um diário
regional que se publica na cidade de Épinal, situada no nordeste da França, destacam
o gestor português Carlos Tavares por se ter demitido do cargo de administrador
executivo da Stellantis, um gigantesco grupo multinacional do sector automóvel
que, entre outras, possui as marcas Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën,
Dodge, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel. Peugeot e Vauxhall. É uma grande nau e por isso susceptível de grande tormenta.
Acontece que o
sector automóvel europeu está em crise considerada grave. Essa crise chegou à
Stellantis que baixou as suas vendas em 8,6%, o que se revelou catastrófico num
grupo que oferece 12,9 milhões de postos de trabalho e é responsável por mais
de 7% do produto interno bruto da União Europeia. Carlos Tavares não
resistiu e demitiu-se. Era, provavelmente, o mais importante gestor português, muito reconhecido no sector automóvel europeu.
Pode ser que agora regresse a este
jardim à beira-mar plantado e que nos ajude a sair da cepa torta.