A economia
portuguesa tem registado boas taxas de crescimento do produto interno bruto e
para esses bons resultados tem estado o turismo, que está a contribuir com cerca
de 16%.
Os números do turismo são impressionantes, a começar pelos mais de 31
milhões de passageiros que passaram nos aeroportos portugueses no 1º semestre
do ano. O turismo está a ser uma verdadeira galinha dos ovos de ouro, como hoje
se lhe refere o jornal i, mas pouco se tem falado das vantagens e das
desvantagens de ter tantos turistas que deixam dinheiro na nossa economia, mas
descaracterizam as cidades e “expulsam” os moradores dos centros das cidades.
Algumas cidades
europeias já vivem o problema do excesso e dos excessos do turismo de massas e
aponta-se o caso de Veneza, cujo centro perdeu quase toda a sua população em
poucos anos, mas o mesmo se poderá dizer daquilo que está a acontecer em
Barcelona, Berlim ou em Roma, mas também em muitas outras cidades europeias. Os
moradores protestam porque o seu modo de vida e os seus quotidianos são
perturbados porque as cidades estão a descaracterizar-se, com os preços dos
arrendamentos e dos serviços a disparar e com a multiplicação dos hotéis. O
comércio tradicional morreu. As esplanadas e as lojas de recordações inundam o
espaço público, o trânsito tornou-se caótico com autocarros de turismo e os
tuk-tuk, havendo multidões de pessoas a correr atrás de guias turísticos. Nos
locais, turística ou culturalmente mais atractivos, formam-se filas
extensas onde se passam horas de espera. O emprego criado pelo turismo é
precário, exige baixas qualificações e é mal remunerado.
Parece ser a
altura de se pensar nas vantagens e nas desvantagens de tanto turismo e na
descaracterização cultural que provoca num país com 900 anos de história.