terça-feira, 21 de junho de 2022

A reforma do Serviço Nacional de Saúde

Nos últimos tempos o espaço mediático português tem sido dominado pelas notícias relativas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com manchetes sensacionalistas em que é destacado o encerramento de serviços de urgência hospitalares de várias especialidades.
O SNS foi criado em 1979 na sequência de um preceito constitucional aprovado em 1976, que garantia o direito à proteção da saúde, a prestação de cuidados globais de saúde  e o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social. O SNS tem sido referido como um dos maiores sucessos da Democracia portuguesa e há quem o considere um dos melhores da Europa, mas é uma grande nau que navega por águas nem sempre mansas, apesar de nunca ter tido tantos profissionais nem tantos recursos como tem actualmente. Porém, as coisas não correm bem nos hospitais públicos e vários serviços de urgência têm estado encerrados, o que significa que não há um regular funcionamento destas instituições democráticas, enquanto os hospitais privados engordam.
Desde há muito tempo que é sabido que o SNS precisa de reformas, porque tanto os profissionais como os utentes mudaram muito nos últimos anos. Todo o mundo é composto de mudança e, enquanto utentes, “vemos, ouvimos e lemos” e não podemos ignorar, como se acentuam as diferenças entre os serviços hospitalares públicos e privados. O SNS está debilitado devido à péssima gestão hospitalar, à enorme promiscuidade entre o serviço público e o privado, à baixa produtividade de alguns hospitais e serviços, à concorrência dos hospitais privados, ao absentismo de algumas classes profissionais da área da saúde e aos incontornáveis interesses corporativos envolvidos.
Nada disto é novo, mas tudo isto tem demorado muito tempo a ser corrigido, sem se saber exactamente porquê. Tal como na Justiça, na Educação e noutras funções sociais, é necessário reformar e adaptar aos novos tempos, mas os sucessivos governos e os grandes partidos preferem fazer como a avestruz e esconder a cabeça na areia.