A situação que se
vive na Ucrânia é muito complexa e a tragédia da guerra iniciada em 24 de
fevereiro de 2022 continua – já lá vão 1.384 dias e muitos milhares de mortos –sem
que se vislumbre um cessar-fogo, apesar dos planos de paz apresentados pelos
americanos que as partes ucraniana e russa quase aceitam, mas que os líderes
europeus sempre rejeitam.
O primeiro plano
de paz de Donald Trump para a Ucrânia que foi conhecido no dia 21 de novembro
constava de 28 pontos, sendo reconhecido que favorecia largamente os propósitos
de Putin. No seu ponto 3, esse plano dizia: “Espera-se que a Rússia não
invada os países vizinhos e que a NATO não proceda a mais alargamentos”.
Este ponto parece ser um dos “ossos mais difíceis de roer” e as dezenas
de comentadores que nos entram em casa todos os dias nunca o mencionam, isto é,
quando os russos de Gorbachov aceitaram “a perda da RDA e a reunificação alemã”
em 1990, tiveram a garantia de que a NATO não se alargaria para oriente. Porém,
isso não aconteceu e, desde então, a NATO passou de 16 para 32 membros, pelo
que a Rússia se considerou humilhada.
Com a chegada de Donald Trump à Casa Branca os dados do problema
alteraram-se e os Estados Unidos parecem comportar-se como aliados da Rússia e
adversários da Europa. A pressão de Trump sobre Zelensky é enorme mas, como
ontem salientava o jornal The Guardian, estamos num “momento crítico”, pois “os líderes
europeus unem-se em apoio à Ucrânia”, numa altura em que a National Security Strategy of the United States, recentemente
enunciada em apenas 33 páginas, é bem clara ao enunciar o “declínio económico e
o apagamento civilizacional da Europa” e ao colocar a Europa e a NATO em
segundo plano, para além de avisar que “em poucas décadas alguns membros da
NATO serão maioritariamente não-europeus e terão outras alianças diferentes
daquelas que tinham quando aderiram à NATO.
Portanto, o braço
de ferro na Ucrânia está a acontecer, mais entre americanos e europeus e menos
entre russos e ucranianos. As voltas que estas coisas dão...
