Ontem aconteceu o
arranque português do EURO 2024 com uma vitória “arrancada a ferros” sobre a
República Checa, a que agora se vem chamando Chéquia. Antes não se falava
noutra coisa que não fosse esse jogo, os jogadores e os adeptos, com cansativas
e nada imaginativas reportagens televisivas apresentadas por inúmeros
jornalistas que as suas empresas, certamente muito prósperas, fizeram deslocar
para a Alemanha.
Se Luís de Camões cá estivesse, certamente, iria repetir os seus tão cantados versos da
estrofe terceira do Canto I de Os Lusíadas:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta
Que outro
valor mais alto se alevanta.
De facto, "outro valor mais alto se alevantou" e não se
falou noutra coisa, como se não houvesse acontecimentos e notícias em Portugal,
nem guerra na Ucrânia e em Gaza, nem tensões em Taiwan e no mar da China
Meridional, nem eleições em França e no Reino Unido, nem disputas entre Biden e
Trump, nem ondas de calor em várias regiões dos Estados Unidos, nem incêndios
no Pantanal. Os media e os
jornalistas portugueses estavam em Leipzig obcecados com a selecção nacional,
acompanhavam os treinos e tratavam de excitar os seus auditórios.
Veio o jogo e
correu bem, porque o jovem Francisco Conceição, que entrara menos de dois
minutos antes, marcou o golo da vitória aos 92 minutos. Todos vimos esse momento
decisivo, que foi um alívio para milhões de portugueses! Os jornais portugueses, generalistas ou desportivos, deram
destaque fotográfico a esse momento.
Como curiosidade,
a equipa portuguesa bateu dois recordes: Cristiano Ronaldo tornou-se o primeiro
atleta a jogar seis fases finais de Europeus de futebol e, com 41 anos e 113
dias de idade, Pepe passou a ser o mais velho jogador de sempre a jogar num
Europeu.
Segue-se a
Turquia. Voltaremos a falar destes assuntos futebolísticos.